Governo quer ‘seduzir’ Republicanos, PP e PL, mas esbarra em divisões internas
Líderes do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional admitem já existir possibilidade de reformulação na Esplanada dos Ministérios, como forma de ‘seduzir’ membros de legendas do chamado Centrão, a exemplo do Republicanos e PP, além da ala do PL não ligada ao bolsonarismo. A expectativa é conseguir votos de parte das siglas, mesmo com a manutenção da independência no Legislativo.
Após a primeira derrota do governo na Câmara dos Deputados, parlamentares negaram a possibilidade de demissões de ministros, inclusive os do União Brasil, caso seja preciso “abrir espaço” em nome de ampliar a base. Porém, conforme o Metrópoles, o Republicanos, partido com 41 assentos na Casa Baixa, é visto como um dos principais problemas para o governo no Congresso e deve ser a prioridade nas próximas semanas.
Questionadas, outras lideranças confirmaram a possibilidade de um rearranjo na Esplanada, enquanto outras afirmaram se tratar de uma “especulação”. As mais entusiasmadas adiantam que a discussão visa o longo prazo, para concretização entre novembro e dezembro. O foco no Republicanos acontece porque, além do tamanho da legenda, o governo sabe dos planos de Marcos Pereira (SP), dirigente da sigla, para se tornar presidente da Câmara.
Republicanos e PP, em tempo, foram as legendas sem ministérios que mais foram agraciadas com a liberação de emendas do relator, feitas neste mês. Os recursos estavam represados até a Câmara aprovar um PDL para derrubar o decreto de Lula voltado a regulamentar o Marco do Saneamento. Ambos os partidos votaram, quase em sua totalidade, na aprovação da urgência do novo arcabouço fiscal, matéria de interesse do governo.
No PP, aliados apontam resistência do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a indicar diretamente nomes neste momento. O medo seria contaminar a relação entre o governo e a mesa diretora da Casa Baixa do Congresso.
Congressistas do PL enxergam que Lula busca completar sua base de apoio investindo “no varejo”. Ou seja, o Palácio do Planalto quer captar o interesse individual dos parlamentares, como fez com Yury do Paredão (CE).
O deputado cearense tirou fotos com o presidente Lula e, a despeito da reação furiosa dos correligionários bolsonaristas, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, descartou expulsá-lo do partido.
“O que pode acontecer é, se algum parlamentar integrar o governo, ele não ser penalizado, mas o partido se manterá independente ou de oposição”, disse um parlamentar do PL, em caráter reservado.