Imediatismo nas redes sociais é tema de debate com Bia Crespo e Saulo Dourado na Geração Flica

Na tarde desta quinta-feira (24), o Geração Flica foi palco de um bate-papo pra lá de bem-humorado entre a roteirista, produtora e escritora, Bia Crespo, o mestre em Filosofia e também escritor, Saulo Dourado. A conversa foi mediada por Karou Dias, que conduziu os participantes a refletirem sobre como as redes sociais têm impactado em seus processos criativos, na forma de lidar com críticas e na interação com o público.
Durante as falas, ambos destacaram o imediatismo presente nas redes sociais e o quanto isso pode ser prejudicial ao processo criativo de suas obras. Bia Crespo contou que, ao se dedicar à escrita, costuma colocar o celular no modo avião para evitar distrações e preservar o foco. Já Saulo observou que, atualmente, as pessoas estão imersas em suposições, quando enviam uma mensagem e não recebem resposta imediata, logo começam a criar “fanfics” tentando entender o motivo da ausência de retorno.
Nas redes sociais, Bia se considera uma “high profile”, alguém que sempre está atenta às novidades e tendências. Com mais de 13 mil seguidores no TikTok, mantém uma relação direta com o público, produzindo conteúdos sobre o universo sáfico em suas redes. Saulo, por sua vez, admite ter dificuldade em se definir como “low profile”, embora acompanhe as tendências e se arrisque no Twitter, ainda não costuma criar conteúdos sobre seus livros ou sua produção literária.
Ao serem perguntados se sofrem com os haters nessa era de redes sociais, Bia relatou sua experiência como roteirista de filmes, destacou que o público leitor é muito menos agressivo que o cinéfilo. Ainda ressaltou que o autor não se pode deixar influenciar por comentários maldosos, ele deve manter autonomia para criar suas próprias histórias. Já Saulo acredita que sua geração (Millennials), têm um “Avast” interno, são capazes de lidar melhor com as críticas do que a geração Z, para ele a geração Z ainda não sabe lidar com críticas e com essa superexposição que as redes oferecem.
Durante a sessão de perguntas o poeta Flávio Américo, declamou uma poesia feita durante o bate-papo, entre os versos ele fala que “Quem quiser agradar todo mundo, com certeza não agrada ninguém”, uma reflexão que ajuda a responder à pergunta sobre o impacto das críticas no processo criativo dos autores.
Apesar das redes sociais terem tomado conta de diversas áreas de nossas vidas, Saulo acredita que as futuras gerações irão passar por uma espécie de ressaca digital, com a crescente do estilo “vintage”, os jovens têm voltado a consumir MPB, tirar fotos com câmeras antigas, como as cybershots, e também tem buscado escutar músicas em discos de vinil.
Ao final do bate-papo, destacou-se que, apesar da pressão das redes sociais e do imediatismo, os autores defendem a autonomia criativa e a importância de preservar o foco, mostraram-se também esperançosos em relação à futura geração de leitores e escritores.
