Infectologista comemora isolamento, mas alerta para alto índice de subnotificações na Bahia
O médico infectologista Roberto Badaró esclareceu, em entrevista à Rádio Metrópole, na manhã de hoje (14), informações sobre o alto índice de casos subnotificados de coronavírus na Bahia. De acordo com o profissional de saúde, embora o crescimento no número de novos casos no estado tenha desacelerado, ainda não é hora para diminuir os trabalhos e relaxar a situação. Questionado sobre a fala do secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, que comemorou a desaceleração, Badaró reforçou a necessidade de endurecer o isolamento. Segundo a Sesab, 4.183 casos estão em investigação na Bahia.
“Entendo o secretário, ele está se empenhando muito e trabalhando duramente. Talvez a antecipação do governador Rui Costa com os bloqueios sanitários, além das medidas dos prefeitos, tenham dado o reflexo do que aconteceu na Coréia e na Alemanha. O bloqueio tem efeito. Se olharmos os EUA e o índice de infecção de casos novos, na Bahia está caindo”, disse o infectologista.
“Isso mostra que houve uma desaceleração no número de casos. Mas não significa que não há casos. Concordo que há uma subnotificação. Dentre esses cinco mil casos em investigação, a grande maioria será sim notificada. É uma estratégia em animar as pessoas em relação ao sacrifício que elas têm ao fazer o isolamento”, acrescentou.
Dr. Roberto Badaró comentou que há um risco de desassistência de pessoas com doenças crônicas ou em tratamento de comorbidades mais acentuadas. Na avaliação do médico, é necessário discutir planos práticos para auxiliar esta parcela da população. “Aqueles que já viviam confinados e hospitalizados por doenças que precisam de cuidados paliativos, começamos a pensar nisso. A OMS planejou tudo, mas não fez recomendações especiais disso. Algumas receitas de medicamentos opioides é uma questão que precisa ser vista. A locomoção e a visita dos cuidadores, essa mecânica para atender os pacientes que já estão em cuidados foi abalada. Há uma desregulação dentro desse aspecto. Nós precisamos nos reunir para cuidar disso”, comenta.
Questionado sobre os novos casos registrados de coronavírus em pessoas que já tiveram a doença, Badaró afirmou que não há necessidade de tratar como regra as exceções. “É preciso saber se essas pessoas voltaram a se infectar ou se elas nunca deixaram de estar infectadas. Não vi a reportagem, mas não há clareza entre o período de contágio ao período que ele apresentou os sintomas. O número de recuperados na China e na Coréia do Sul está crescendo. As exceções não podem ser tratadas como regra”, afirmou.