Irmã Dulce e os milagres que lhe fizeram virar Santa

 Irmã Dulce e os milagres que lhe fizeram virar Santa

São milhares de fiéis e milhares de milagres atribuídos ao Anjo Bom da Bahia. Oficialmente, dois deles foram confirmados pelo Vaticano e levará à atual Bem Aventura Dulce dos Pobres ao título de Santa, a primeira nascida no Brasil. Mas, os relatos de graças alcançadas continuam chegando ao conhecimento da Assessoria de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) por diversas formas, seja carta, e-mail e mensagens via redes sociais.

O Vaticano tem quatro exigências quanto à veracidade da graça, até ser considerada milagre: ser preternatural (a ciência não consegue explicar), instantâneo (acontecer imediatamente após a oração), duradouro e perfeito.  Para que uma pessoa seja reconhecida canonicamente como santa, são necessários dois milagres: um para a beatificação e outro para a canonização.

Primeiro milagre
Em meio ao grande número de histórias, em 2001, o caso de uma mulher, moradora da cidade de Malhador, em Sergipe, desenganada pelos médicos pós-parto por uma incessante hemorragia ganhou destaque. Na época, o médico Sandro Barral, um dos investigadores e peritos, relatou que a paciente chegou a passar por três cirurgias e o sangramento permanecia por mais de 18 horas.

O parto aconteceu na Casa de Saúde e Maternidade São José, na cidade de Itabaiana (SE). Sem esperanças pelos médicos, o padre José Almir, que morava na cidade de Nossa Senhora das Dores (SE), pediu intercessão da então freira, ao tomar conhecimento do caso. Após orações, Claudia Cristina dos Santos, que teve identidade revelada dez anos após o milagre, foi então encaminhada para UTI de um hospital em Aracaju. Lá, passou por mais uma cirurgia para retirada das compressas que usava para conter o sangramento e três dias depois recebeu alta hospitalar. A técnica administrativa deu à luz a Gabriel Vinícius dos Santos Araújo, agora com 18 anos.

Segundo informações das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), a abertura do processo de beatificação começou em 17 de janeiro de 2000. No ano seguinte foi anunciada a graça, e em 2002 o processo foi levado para análise do Vaticano. Em abril de 2009, o papa Bento XVI concedeu o título de Venerável à freira baiana, que se tornou a “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. A Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano reconheceu o milagre em 26 de outubro de 2010.

Segundo milagre
Com uma graça reconhecida, a ‘Bem-Aventurada Dulce dos Pobres’ precisava do segundo milagre para que pudesse ser considerada santa, o que aconteceu em maio deste ano. O site “Vatican News”, canal oficial de comunicação do Vaticano, anunciou o decreto que atribuiu à Irmã Dulce mais um milagre.

Foi o caso do maestro José Maurício Bragança Moreira, de 50 anos, que voltou a enxergar após 14 anos, deficiência causada depois de ser diagnosticado com glaucoma muito grave. Conforme divulgado pela Arquidiocese de Salvador, em 2014, em meio a uma crise de conjuntivite viral, o músico rezou para Irmã Dulce. “Eu passei a noite sem conseguir dormir e por volta das 4h eu peguei a imagem de Irmã Dulce, que fica na cabeceira da minha cama, e coloquei nos meus olhos e pedi a ela que aliviasse a minha dor, porque estava muito difícil, já que eu estava a quatro dias sem conseguir dormir”, contou durante sua apresentação pública, em Salvador, no dia 1º de julho.

Horas depois, ao acordar, Maurício tinha voltado a enxergar, contrariando aos médicos e todos os exames que ainda aponta lesões de uma pessoa cega. “Não tinha explicação. Era um paciente que estava cego e que, de um dia para o outro, ele volta a enxergar, sem explicação”, garante Sandro Barral, médico das Obras Sociais Irmã Dulce e que foi perito inicial da causa.

Antes de ser encaminhado para Roma, o caso foi analisado por oftalmologistas de Salvador e São Paulo, que examinaram pessoalmente o paciente e não encontraram explicação para a cura. O milagre foi avaliado por uma comissão de médicos em Roma, que também não encontraram explicação científica para o acontecimento. Na sequência, o caso foi analisado por uma comissão de teólogos e depois por uma comissão de cardeais.

Primeira Santa nascida no Brasil
Com reconhecimento, no dia 13 de outubro de 2019, no Vaticano, o Papa Francisco canonizará cinco beatos. Entre aqueles que serão elevados aos altares, encontra-se o Anjo Bom da Bahia.

A canonização de Irmã Dulce será a terceira mais rápida da história (27 anos após seu falecimento), atrás apenas da santificação de Madre Teresa de Calcutá (19 anos após o falecimento da religiosa) e do Papa João Paulo II (9 anos após sua morte).

Frei Galvão, conhecido pelas pílulas milagrosas que, segundo a fé católica, têm poder de cura e que nasceu em 1739, em Guaratinguetá, no interior de São Paulo, foi o primeiro santo nascido no Brasil a ser canonizado, em 11 de maio de 2007, pelo então Papa Bento XVI.

Madre Paulina, que morava em Santa Catarina, também foi canonizada e ficou conhecida como a primeira santa do Brasil. Ela, no entanto, nasceu na Itália e só veio morar no país com a família aos 10 anos. Com isso, Irmã Dulce se tornará a primeira santa nascida no Brasil.

Bnews

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