Irritado, diretor da Agerba nega falhas e manda reportagem ‘tomar atitude’
O diretor-executivo da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transporte e Comunicações da Bahia (Agerba), Eduardo Pessoa, ficou irritado, na manhã desta sexta-feira (25), ao ser perguntado se o órgão estadual pretende tomar medidas, após a tragédia na Baía de Todos-os-Santos, que deixou, pelo menos, 18 pessoas mortas na manhã desta quinta-feira (24).
O gestor negou que tivessem ocorrido “falhas” no caso e disse que irá “esperar” o inquérito da Marinha. “Você já fez o inquérito e já comprovou [as falhas]? Eu tenho que esperar o inquérito da Marinha do Brasil, que é a única autorizada para investigar acidente em mar. Mas você já decidiu isso? Então, você toma atitude, porque eu vou esperar, como um gestor de um órgão, a autoridade competente, dizer se houve falha ou não. Tá? Bom dia!”, afirmou rispidamente e desligou o telefone em seguida.
Após a tragédia de relevância nacional e mesmo mundial, os órgãos envolvidos no atendimento e apuração do caso, entre eles, a Agerba, não souberam informar sequer o número exato de passageiros que estavam na embarcação. A ausência da lista de passageiros tem “dificultado” o regaste às vítimas, conforme o próprio comandante da Polícia Militar, Anselmo Brandão, confirmou, em entrevista.
Além disso, passageiros, que sobreviveram, reclamaram do estado da embarcação e de falta de coletes salva-vidas. Nesta quinta, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou, por meio de nota, que alertou sobre “inúmeras irregularidades” no transporte. Nos últimos 10 anos, houve 37 mortos em embarcações.
Depois do fato, moradores protestaram e, com placas em mãos, chegaram a dizer que: “Tragédia anunciada não é tragédia. É crime”. A ex-presidente da Associação Comercial de Vera Cruz, Lenise Andrade, irmã do deputado estadual Zé Neto (PT), culpou “o dedo do governo do Estado, a Capitania dos Portos, que é omissa, e também a Justiça”, no que chamou de “tragédia anunciada”.
Logo após o acidente, Pessoa, responsável pela regulação do serviço da travessia marítima, tirou o seu nome da reta. Disse que a “questão da segurança naval” cabia à Marinha.
Bahia.ba