Jaques Wagner critica quebra de acordo no Congresso após derrubada do IOF: “Isso não é bom para o Parlamento”

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT‑BA), criticou duramente, nesta quarta-feira (25), a forma como o Congresso conduziu a derrubada do decreto que aumentava as alíquotas do IOF. Após a Câmara aprovar o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) que anulou a medida, o Senado confirmou a revogação em votação simbólica — o que, para Wagner, representa uma quebra de compromissos assumidos entre o Executivo e lideranças parlamentares.
“Esse decreto não encontra abrigo na Constituição? Pode até se discutir. Mas o mais grave, na minha opinião, é o descumprimento de um acordo que envolveu vários líderes desta Casa, o ministro da Fazenda e a ministra das Relações Institucionais. E esse acordo foi desfeito em apenas três dias”, afirmou o senador.
Jaques Wagner ressaltou que o Parlamento vive da credibilidade dos pactos firmados e que romper esse princípio compromete a confiança institucional. “Não acho isso bom para o Parlamento. O Parlamento vive de acordos — e, sobretudo, de cumpri-los”, reforçou.
Mesmo defendendo a tradição do diálogo e do equilíbrio político, o senador baiano declarou que, neste caso, precisava se posicionar claramente a favor do governo. “O decreto tinha como objetivo a justiça tributária. Não posso deixar de defender esse ponto de vista. Havia um conjunto de outras matérias sendo construído, e tudo isso se perdeu com a quebra do acordo.”
Para Jaques Wagner, o problema não está necessariamente no mérito da proposta, mas na forma como o processo foi conduzido. “É uma situação que tangencia o perigo — não pelo conteúdo, mas pelo rompimento de um entendimento político em pouquíssimos dias”, concluiu.
A fala do senador expõe a insatisfação do governo com a articulação no Congresso e escancara a tensão entre o Executivo e o Legislativo no debate fiscal.