Líder religioso é condenado a mais de 20 anos de prisão por abuso sexual de seguidoras
O líder espiritual Kleber Aran Ferreira e Silva, do templo Amor Supremo, foi condenado a 20 anos e cinco meses de prisão em regime fechado por violação sexual mediante fraude contra três mulheres que frequentavam a instituição. Além disso, ele foi condenado a pagar indenização de R$ 50 mil para cada vítima por danos morais. Kleber foi preso em um evento religioso na manhã do último sábado (9), dois dias depois da decisão da 4ª Vara de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Salvador.
Segundo o Ministério Público da Bahia (MP-BA), a condenação acata uma denúncia feita pela 1ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos de Salvador e do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Desde 2021, a promotoria investiga o caso a partir de denúncias de abusos encaminhadas à Ouvidoria do Conselho Nacional do Ministério Público pelo projeto “Justiceiras”, um grupo que atua na proteção dos direitos de mulheres e no combate à violência de gênero.
Conhecido por afirmar que incorpora o médico alemão Dr. Fritz, que realizava cirurgias espirituais, o líder é chamado, principalmente, de Médium Aran. Ele, inclusive, se aproveitaria do discurso de que está incorporado para, no meio dos atendimentos, abusar de pessoas que buscam pelas cirurgias nos eventos promovidos por Kleber.
Para o MP, ele operava um esquema de abuso de poder e manipulação psicológica dentro do centro. Ele atraía os seguidores em busca de orientação espiritual e se aproveitava para assediar mulheres, muitas delas com familiares doentes e em momento de fragilidade emocional. O religioso afirmava que elas precisavam fazer sexo com ele para realizar trabalhos espirituais, já que as entidades precisariam de uma “energia sexual”. As vítimas contam que eram obrigadas a consumir bebidas alcoólicas durante os encontros, o que facilitava os abusos.
Durante a investigação, Aran chegou a ter o sigilo telefônico quebrado pela Justiça. De acordo com informações do processo, acessadas em documentos do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), o pedido foi feito em 2023 após a polícia conduzir uma investigação a partir da denúncia de três mulheres que seriam vítimas de Kleber.
A sentença destacou a gravidade dos crimes, ressaltando a quebra de confiança por parte de Aran, que explorava a fé e a fragilidade emocional de suas seguidoras para satisfazer seus desejos. Também destacou que os abusos aconteceram de forma reiterada ao longo de muito tempo.
A prisão dele foi realizada pelo Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV). No ano de 2021, o líder já tinha sido alvo de investigação do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), que cumpriu mandados de busca e apreensão um ano após receber denúncia de pessoas que seriam vítimas dele. A reportagem não conseguiu contato de representantes da defesa do líder religioso.
Fonte: Correio