Líderes religiosos se unem em ato contra a intolerância religiosa

Vestidos de brancos, representantes de várias religiões se uniram num ato na manhã deste sábado (21), no Parque Metropolitano do Abaeté, para pedir por uma mesma causa: o combate à intolerância religiosa. A manifestação ocorreu em frente ao busto da yalorixá Gildásia dos Santos, a Mãe Gilda, considerada como um dos símbolos de resistência e afirmação das religiões de matriz africana, inspirando a criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, celebrado hoje.

Filha biológica de Mãe Gilda, a ialorixá Jaciara Ribeiro destacou a importância de todos se unirem nessa causa. “Para mim, uma mulher do candomblé que assumiu essa luta a partir da morte da minha mãe, é um marco, mas ainda há muito o que se fazer. Essa intolerância eu vejo como ódio, mas a gente não tem que temer”, disse. Ela frisou ainda que a luta de Mãe Gilda era uma luta de todos os terreiros de candomblé. Segundo dados do Centro de Estudos Afro-Orientais, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), são 1.165 terreiros cadastrados na capital baiana.

O padre Alfreo Dórea, que é do Comitê do Diálogo Interreligioso da Bahia disse que acredita que é possível combater a intolerância religiosa na Bahia. “A Bahia é um laboratório que ainda se pode conviver com a pluralidade e nosso empenho é esse. Estamos vigilantes a qualquer forma de racismo e de intolerância e não exitar em adotar as medidas legais”, pontuou.  

Já o líder espírita José Medrado, chamou a atenção que o ato realizado hoje é apenas uma forma de dar mais visibilidade a questão, mas que é preciso que haja ações mais efetivas. “Essa ação ilustra um objetivo, mas é a prática que determina o respeito. A teoria sem a prática é verbalismo. Precisamos unir as duas coisas para tornar realidade, é imputando a lei a quem pratica intolerância religiosa”.

Secretária de Promoção e Igualdade Racial, Fabya Reis destacou que o ato tem duas vertentes: o fortalecimento da data a partir da memória de Mãe Gilda e também para divulgação do Instituto Nelson Mandela. “A luta contra a intolerância religiosa é uma luta antiga, mas a agenda de combate veio só com o governo Lula, com a instituição da lei 11.635, e depois com a implementação da Sepromi, em 2007”, disse. Ela ressaltou ainda que quando as pessoas são vítimas de racismo, elas  têm que denunciar. “O racismo deixou de ser uma divergência entre duas pessoas e agora é crime. Elas devem prestar queixa crime e o instituto está aí para isso”, explicou.

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