Lula diz que se voltar a ser presidente fará mais e melhor
Após a polêmica entrevista que a Dilma Rousseff concedeu a um veículo de comunicação árabe chamando o presidente Michel Temer de traidor, foi a vez de Lula conversar com uma emissora turca, a TRT World. Lula declarou que os que o denunciam devem lembrar que ele tem uma relação com a sociedade. “Não é de ontem, é de uma vida. Toda vez que fazem uma pesquisa eu apareço em primeiro lugar para ser presidente da República, então, eu não sei o que eles vão fazer, acho que eles estão com mais problemas do que eu. Eles têm que saber que se eu voltar vou fazer o mesmo. Vou fazer mais e melhor ainda porque o que eles estão fazendo hoje é tudo, menos apurar corrupção”, disparou.
Sem poupar criticar, Lula falou sobre denúncias envolvendo o seu nome e afirmou que, no Brasil, toda semana, há um “espetáculo”. “A impressão que eu tenho é que a imprensa faz uma espécie de um roteiro como uma novela, então, todo dia tem que terminar com certo suspense. Fico indignado como o ser humano, tranquilo como político por saber das coisas que eu fiz. Eles estão fazendo espetáculo de pirotecnia acusando sem provas e eu, sinceramente, não sei quando isso vai terminar. Toda semana tem um show”.
“Eu penso que qualquer ser humano deve perceber como eu recebo as denúncias. Primeiro, com muita tranquilidade, porque eu tenho consciência do que eu fiz no governo. Segundo, a impressão que eu tenho é que eles não querem criminalizar o Lula, eles querem criminalizar o meu governo. Eles querem criminalizar tudo o que nós fizemos. É uma coisa tão absurda, tão absurda, que um procurador que faz uma denúncia dessa ou é analfabeto, tem má-fé, ou é mau-caráter”.
O petista também disse que, durante os doze anos de governo, o PT conseguiu transformar o Brasil em um protagonista internacional. “Pelo menos até 2014, o Brasil conquistou a Copa do Mundo, as Olimpíadas, o Brasil passa a ser a quinta economia do mundo, o Brasil com o projeto de Fome Zero conseguiu se transformar num destaque mundial e, de repente, nós entramos em 2014 e ganhamos as eleições pela quarta vez consecutiva. Aí começou a acontecer as coisas que não deveriam ter acontecido”, disse.
“Tivemos dificuldades em fazer os ajustes que eram necessários fazer e um ajuste por conta de uma forte desoneração e invenção fiscal que foi feita no Brasil, entre 2011 e 2014, para manter o nível de emprego e nós desoneramos demais e desoneramos, às vezes, sem contrapartida e, de repente, percebemos que estava entrando menos dinheiro e saindo mais dinheiro. Não era porque o governo tinha gastado demais. Era porque o governo tinha desonerado demais”, tentou se explicar o ex-presidente.
Ele ainda falou sobre o impeachment que afastou Dilma Rousseff. “O Brasil neste instante vive um golpe parlamentar, que é uma vergonha para o Brasil. O povo imaginava que, se tirasse a Dilma, você iria ter a escolha de outro presidente, quem sabe pela eleição direta, que é isso que nós entendemos que deva acontecer, ou seja, o Brasil não pode ficar 2017, 2018, na situação em que está com um presidente rejeitado como o Temer é. Então, eu acho que a melhor solução agora é os partidos políticos discutirem e recuperar o direito do povo escolher o seu presidente da República outra vez pelo voto direto”.
“A única coisa que posso dizer ao povo turco é que não é normal um país que tem tão pouco tempo de democracia como o Brasil, são trinta anos apenas, ou seja, que estava dando certo, não é possível a gente voltar ao tempo em que é o Congresso que indica o presidente da República, portanto, a eleição direta é uma necessidade para que o povo brasileiro tenha chance de escolher uma pessoa que saiba cuidar deles”, pontuou Lula.