Mal da Seca mata mangueiras em Salvador e Lauro de Freitas
Uma das árvores frutíferas mais abundantes em Salvador e na região metropolitana sofre novamente com uma praga. Leitores denunciaram a morte de mangueiras em algumas localidades da capital baiana e em Lauro de Freitas. Eles afirmaram que inicialmente as árvores ficam sem folhas, com galhos secos e depois morrem. O motivo seria a presença do fungo Ceratocistis fimbriata, que tem se alastrado na região. Um dos maiores responsáveis pela disseminação do fungo é um besouro conhecido como Broca da Mangueira.
O penúltimo registro feito em Salvador foi em abril de 2013. Na época, em entrevista ao Tribuna da Bahia, a Secretaria Cidade Sustentável afirmou que o órgão não tinha conhecimento do problema. “Estamos tentando fazer um diagnóstico dos sistemas de meio ambiente da cidade. Já temos conhecimento de algumas pragas urbanas como a erva de passarinho que está atacando as palmeiras, mas existe muita coisa que desconhecemos”, disse o engenheiro agrônomo, Armando Menezes, na ocasião.
Segundo o jornal, o representante da pasta municipal admitiu também que a secretaria não tinha recursos suficientes para acelerar o diagnóstico e por em prática o combate a pragas e outros problemas ecológicos da cidade. Especialista ouvido pela publicação afirmou que o tratamento é caro, e o custo de apenas uma árvore está entre R$ 2 mil e R$ 4 mil.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o Broca da Mangueira tem como único hospedeiro a mangueira, sendo encontrado, geralmente, em todas as regiões do mundo onde existe esta fruteira. A Embrapa destaca que, com exceção do Brasil, em todos os países onde ocorre é inexpressiva como praga. Contudo, ressalta que o fungo pode também infectar as plantas, penetrando pelas raízes, sem necessidade de vetor, como também pode ser disseminado pelas mudas.
A Embrapa detalha que o Broca da Mangueira ataca a região entre o lenho e a casca da árvore, iniciando pelos ramos mais novos da parte superior da mangueira. Posteriormente, atinge os galhos inferiores, progredindo em direção ao tronco. A penetração do inseto na planta ocorre pelas cicatrizes da inserção das folhas ou extremidades cortadas.
Em contato com a assessoria do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), o site foi informado que “não há nenhum registro do caso em Salvador, na região metropolitana da capital, nem em qualquer outra cidade da Bahia”. O Inema recomendou ainda que a reportagem entrasse em contato com as prefeituras.
A assessoria da Secretaria Cidade Sustentável de Salvador disse que “não existe praga, mas pode ter um caso ou outro. No entanto, não houve nenhum registro da população”.
Diferentemente do Inema e da secretaria soteropolitana, a assessoria da prefeitura de Lauro de Freitas, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, Saneamento e Recursos Hídricos (Semarh), informou que a praga já atinge os mangueirais há muito tempo na cidade. Segundo a Semarh, “a seca da mangueira causa prejuízo em todo o litoral norte da Bahia. Há informações de que em outros estados a praga também se espalhou pelos mangueirais”. Avaliação solicitada pela Semarh à Embrapa indica que “a praga é causada por um fungo que ataca os galhos até secar toda a árvore. O tratamento é feito com a poda e queima dos galhos secos antes que a praga atinja toda a planta”. Além disso, a secretaria salienta também que os pedidos de informações no município diminuíram muito.
A situação é preocupante porque não há remédio contra a doença, apenas formas de combate preventivas com o uso de variedades de manga resistentes, como a manga keiti e a tommy atkins. De acordo com a Embrapa, as medidas de controle são:
– Proibição da entrada de mudas de outras regiões, em áreas onde a doença não ocorre.
– Utilização de porta-enxertos resistentes, tais como, Carabao, Manga d’água, IAC-103 (Espada Vermelha) e IAC-104 (Dura).
– Eliminação de plantas novas ou de ramos de plantas adultas que apresentem secamento das folhas e orifícios nos ramos e/ou no tronco deixados pelos besouros.
– Evitar estresses hídrico e nutricional prolongados. As coleobrocas da família dos escolitídeos geralmente atacam plantas enfraquecidas.
– Logo após o aparecimento do primeiro ramo atacado, instalar armadilhas (uma por planta), confeccionadas com recipiente de plástico, com furos na parte superior (volume equivalente a 1 – 2 L), contendo 200 a 300 mL de álcool etílico. A superfície externa deverá ser untada com óleo, para adesividade dos insetos atraídos pelo álcool. O óleo e o álcool deverão ser renovados a cada 30 dias. A pintura da armadilha, na cor amarela ou branca, aumenta a captura dos insetos.
Fonte: Bocãonews