Milei desvaloriza moeda, paralisa obras públicas e corta subsídios na Argentina

 Milei desvaloriza moeda, paralisa obras públicas e corta subsídios na Argentina

As primeiras movimentações do governo de Javier Milei já foram iniciadas. Recém-empossado, o presidente da Argentina anunciou um duro pacote de medidas econômicas para conter a crise e a inflação na Argentina.

O novo presidente vai desvalorizar fortemente o peso, suspender todas as obras públicas, cortar subsídios de energia e transporte, reduzir repasses às províncias e liberar importações.

O dólar oficial, que vale cerca de 400 pesos no país vizinho hoje, dobrará e será fixado em 800 pesos. Com isso, todos os preços nas ruas devem subir. Para amortecer os efeitos dessas mudanças, os programas sociais serão ampliados: as mensalidades pagas por filho subirão 100%, e os cartões alimentação, 50%.

As dez medidas foram anunciadas numa mensagem gravada na noite desta terça (12) pelo ministro da Economia, Luis Caputo. O vídeo foi exibido depois de duas horas de atraso, porque o ministro teve que regravá-lo, segundo a imprensa argentina.

“Nós sempre focamos em solucionar as consequências, e não a raiz do problema”, justificou ele, argumentando que esse problema é, fundamentalmente, o histórico déficit fiscal do país, ou seja, gastar mais do que se arrecada.

“Agora o que viemos fazer é o oposto ao que foi feito sempre. Solucionar esse problema de raiz justamente para não ter que padecer mais dessas consequências, a inflação e a pobreza”, afirmou.

O anúncio era muito aguardado pelo mercado e pela população desde esta segunda (11). Sem saber quais seriam as primeiras medidas de Milei e portanto o que aconteceria com o dólar depois de sua posse, muitos argentinos aceleraram a estocagem de produtos duráveis nas últimas semanas, como é comum no país em épocas de incertezas.

Os preços em geral subiram 143% em 12 meses até outubro, mas espera-se um aumento ainda mais expressivo para novembro e dezembro, uma vez que, sem referência, as mercadorias e os serviços estão com valores muito voláteis e sendo constantemente remarcados nas ruas.

Acordos para limitar os preços feitos pelo ex-ministro Sergio Massa com empresários, que teoricamente durariam até o fim do mês, já não existem na prática. Bancos também adiaram ou aumentaram a cotação do dólar cobrada dos argentinos nas faturas dos cartões de crédito, já prevendo uma desvalorização pela nova gestão.

Mais cedo, o porta-voz do governo, Manuel Adorni, havia anunciado outros cortes: a propaganda oficial em meios de comunicação será suspensa por um ano, e os cargos públicos federais se reduzirão em 34%, uma vez que haverá uma diminuição de 18 para 9 ministérios, de 106 para 54 secretarias e de 182 para 140 subsecretarias.

Ele também comunicou o fim do home office para o funcionalismo e o início de uma revisão de todos os contratos do Estado. Adorni falou em acabar com o “emprego militante” e tratar protestos com o mantra “dentro da lei tudo, fora da lei nada”, gerando a reação de sindicatos, que já marcaram um grande ato para os dias 19 e 20.

O Banco Central, agora presidido pelo economista Santiago Bausili, convocou uma reunião com os bancos na manhã desta quarta (12) para explicar o pacote de medidas antes da abertura dos mercados. Tanto Caputo como Bausili são nomes ligados ao ex-presidente Mauricio Macri, que apoiou Milei no segundo turno e pretende ajudar na sua governabilidade.

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