Ministro da Saúde reconhece que Brasil poderá ter mais de mil mortes por dia por Covid-19

 Ministro da Saúde reconhece que Brasil poderá ter mais de mil mortes por dia por Covid-19

O ministro da Saúde, Nelson Teich, reconheceu nesta quinta-feira que o número de mortes em razão da Covid-19 no Brasil pode ultrapassar as mil por dia. Segundo ele, isso ocorrerá se o movimento de aumento do número de óbitos continuar. Ele também afirmou que a diretriz do governo para orientar a flexibilização das medidas de distanciamento social está pronta, mas teme “polarização” política.

O balanço desta quinta-feira do Ministério da Saúde registrou 5.901 mortes em razão da doença no país. O maior número de óbitos foi registrado nos três últimos dias: 474 na terça-feira, 449 na quarta e 435 nesta quinta.

– Em relação a um possível número de mortes, hoje a gente está perto de 500 mortes, 400. O número de 1.000, se estivermos num movimento, num crescimento significativo da pandemia, é um número que é possível acontecer. Não quer dizer que vai acontecer. A gente tem que acompanhar a cada dia para ver o que está acontecendo para tomar as decisões – disse Teich.

Flexibilização do isolamento

O ministro disse que a diretriz de flexibilização do isolamento social está pronta, mas será apresentada para discussão primeiro a “governos e cidades” antes de “colocar isso na mídia”. Ele voltou a dizer que, mesmo após uma flexibilização no futuro, poderá haver recuos, dependendo das consequências, e que o tema não pode se tornar uma “guerra”.

– Pode ser que você tenha que voltar atrás, retomar o mesmo nível de distanciamento anterior. Mas tem que ser feito com absoluta serenidade, porque se não vai abrir uma guerra, e não pode ser tratado desse jeito – disse Teich.

O ministro disse também que teme que a diretriz seja alvo de “polarização” e seja transformada em “ferramenta da discórdia”. – A nossa grande preocupação é como a gente veicular isso de forma que não se torne uma ferramenta de discórdia mais que um auxílio à população – afirmou.

Em outro trecho da coletiva, Teich disse estar preocupado com a polarização política em torno da adoção ou não de medidas de distanciamento social. A declaração foi feita após ser questionado se, diante do número de mortos pela doença estar perto de 6 mil, o ministério alteraria a orientação para o distanciamento social ou se adotaria uma política alinhada ao presidente Jair Bolsonaro, que é favorável à redução dessas medidas.

– O número de mortes adicional é muito triste. Mas não é porque eu tenho uma alteração nesse número de mortes. A política não é em função disso. Temos uma definição clara: o distanciamento permanece como orientação – afirmou o ministro.

– O que eu acho importante é que eu vejo isso mais como uma discussão política do que como uma discussão social. A gente precisa parar pra entender o que isso representa pra sociedade e não ficar polarizando pra dizer se é bom ou ruim – acrescentou.

Apesar de ter prometido o anúncio da diretriz para essa semana, Teich não disse quando ela será divulgada. O ministro disse que não haverá nada “milagroso” nela e que ela será composta por medidas já observadas em outros países.

Teich afirmou que não está planejando “flexibilizar” regras de distanciamento social neste momento. Ele comentou que, para isso, uma série de critérios precisam ser atendidos, entre eles a curva de casos tem de se tornar decrescente, repetindo o que disse ontem em audiência no Senado.

– Estamos trabalhando a parte de testes, a gente está melhorando a infraestrutua, acompanhando a evolução dos casos, tentando buscar um ponto de inflexão da curva. O dia que todos esses critérios estiverem preenchidos, a gente vai estar, dentro da diretriz, dando um ‘ok’ para que se possa fazer uma tentativa de flexibiliar. Ninguém está pensando em flexibilizar nada. A gente só  está desenhando um projeto, uma diretriz.

Ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, apresentado como assessor na entrevista coletiva da pasta, Denizar Vianna afirmou que a diretriz servirá para o processo decisório dos gestores locais, com mapeamento de riscos. Parâmetros como recursos humanos, evolução da curva e leitos de UTI são considerados, diz ele, que manifestou preocupação que divulgação passe a mensagem de que a pasta está incentivando a flexibilização.

– Nesse momento em que temos os grandes centros urbanos brasileiros ainda numa fase de ascensão da curva não é adequada de se colocar isso.

Questionado sobre a avaliação que fazia da ampliação de medidas de distanciamento pelos municípios do Rio de Janeiro, São Paulo e Manaus, Teich respondeu:

– Em relação à decisão de ampliar a medida de isolamento, se você tem lugares onde tá tendo o aumento da incidência e da mortalidade, a primeira coisa que você vai fazer é tentar aumentar o distanciamento para diminuir o contágio. A gente não sabe o quanto isso vai ser eficaz, mas é uma medida absolutamente natural mediante o aumento de casos.

Leitos

Teich anunciou que até segunda-feira serão habilitados 184 leitos no Amazonas, 175 em Santa Catarina e 27 em Alagoas. Além disso, ele falou que serão liberados R$ 482 milhões de emendas de bancada parlamentar distribuídos em nove estados. Amazonas, onde Manaus vive situação de colapso, receberá R$ 116 milhões, segundo Teich.

A pasta anunciou também que enviará 581 profissionais de saúde a Manaus, no domingo, para garantir o funcionamento de leitos de UTI abertos na cidade.

Os profissionais fazem parte de um banco de recursos humanos gerenciado pelo ministério, que dá capacitação em Covid-19 para as 14 categorias da área da saúde. Hoje, dos 902.207 profissionais que se cadastraram, 396.418 estão dispostos a atuar no enfrentamento à doença, de acordo com a pasta.

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