Morre Sérgio Sombra, pivô do caso Celso Daniel

 Morre Sérgio Sombra, pivô do caso Celso Daniel

O empresário Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, morreu na manhã de ontem, em São Paulo. Sombra era acusado pelo Ministério Público Estadual de ser o mandante do assassinato em 2002 do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT).

O empresário nunca chegou a ser julgado pelo caso, apesar de ter sido condenado por envolvimento em um esquema de arrecadação de propina na prefeitura da cidade. Sombra sofria de um câncer e morreu em decorrência de falência hepática.

Celso Daniel foi encontrado morto no dia 20 de janeiro de 2002 com oito tiros numa estrada rural de Juquitida, na região metropolitana de São Paulo. Ele havia sido sequestrado dois dias antes na Zona Sul da capital paulista, quando voltava de um jantar com Sombra, de quem era amigo. O empresário dirigia uma Pajero blindada e o prefeito estava no banco do passageiro.

A investigação da Polícia Civil de São Paulo inicilmente apontou que o prefeito, que na época também coordenava a campanha de Lula à Presidência da República, era vítima de um crime comum. Ele teria sido abordado por acaso por uma quadrilha que planejava sequestrar um comerciante, o perdeu de vista durante a ação.

Após um denúncia inicial contra os autores do crime, o Ministério Público prosseguiu com as investigações e, em 2003, fez uma nova denúncia em que acusava Sombra de ser mandante do assassinato. O empresário teve a prisão decretada e ficou na cadeia entre dezembro de 2003 e julho de 2004, quando conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF).

Durante as investigações sobre o crime, o irmão de Celso Daniel, o professor de economia Bruno Daniel, disse que o dinheiro desviado da prefeitura de Santo André teria sido usado para bastaecer o caixa do PT. Por causa de ameaças recebidas após fazer as acusações, ele viveu seis anos na França, entre 2005 e 2011.
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De acordo com a apuração final do MP, Daniel estaria decidido a acabar com as atividade de uma quadrilha, que cobrava propina de empresas contratadas pela administração municipal. Para manter o esquema de corrupção, Sombra decidiu mandar matar o amigo e simulou um sequestro para disfarçar. Com o objetivo de colocar o plano em prática, o empresário contratou Dionísio de Aquino Severo, resgatado de helicóptero de um presídio em Guarulhos um dia antes do sequestro do prefeito, para organizar a ação e contatar os demais integrantes da quadrilha. Dionísio foi morto dias depois de ser preso, em abril de 2002, antes de dar o seu depoimento sobre o caso.

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Além dele, outras seis pessoas que tiveram algum tipo de vínculo com a morte de Celso Daniel morreram, depois do crime. Sérgio “Orelha”, que abrigou Severo em sua casa nos dias subseqüentes à morte de Daniel, foi metralhado em sua casa em novembro de 2002. Outra morte é a do investigador de polícia Otávio Mercier. A quebra do sigilo telefônico revelou ligações do celular do policial para Severo na véspera do sequestro. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Redua foi assassinado com dois tiros. Ele foi o primeiro a identificar o corpo de Daniel.

O garçom do restaurante Rubayat Antonio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito no jantar junto com Sombra no dia 18 de janeiro de 2002, minutos antes do sequestro, morreu, em fevereiro de 2003. Ele foi perseguido por dois homens quando dirigia uma moto na Zona Leste da capital paulista, levou um chute, perdeu o controle e colidiu com um poste. Nada foi roubado. A única testemunha que declarou à polícia ter assistido à morte do garçom, Paulo Henrique Brito, foi assassinada, 20 dias depois, com um tiro nas costas. O médico legista Carlos Alberto Delmonte Printes, que constatou indícios de tortura ao examinar o corpo de Daniel, se suicidou com ingestão de medicamentos em 2006.

Os seis criminosos contratados por Dionísio para executar o crime já foram condenados pela morte do prefeito. A Justiça também decidiu levar Sombra a júri popular, mas, em dezembro 2014, ele conseguiu uma decisão no STF para anular o processo com o argumento de que os seus advogados não puderem interrogar os demais réus. A fase de instrução do processo teria que ser refeita, com novos depoimentos, e não havia uma data para Sombra sentar no banco dos réus.

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