Na Câmara, Mandetta contratou empresa investigada

 Na Câmara, Mandetta contratou empresa investigada

O futuro ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), gastou R$ 184 mil de verba da Câmara dos Deputados com uma empresa de táxi aéreo que lhe ofereceu voos durante sua campanha eleitoral em 2010. A Amapil Táxi Aéreo faturou 18 notas fiscais pagas com a cota parlamentar de Mandetta entre maio de 2012 e maio de 2018.

A mesma empresa está no centro de outra polêmica envolvendo o parlamentar. A Amapil entregou notas ficais ao Ministério Público Federal que mostram que parte dos voos feitos por Mandetta em sua pré-campanha eleitoral de 2010 foram bancados pela Telemídia. Essa empresa se beneficiou de um contrato de R$ 9,9 milhões assinado por Mandetta quando ele era secretário de Saúde da Prefeitura de Campo Grande (MS).

Em entrevista ao GLOBO publicada no último domingo, Mandetta admitiu ter feito voos pela Amapil durante sua campanha , mas negou troca de favores, e disse que pedia os voos ao irmão do dono da empresa.

— Eu tinha uma grande amizade com o Leandro, irmão do dono da Amapil (Taxi Aéreo). Ele falou: ‘pode usar’ — disse Mandetta.

NOVAS SUSPEITAS

Levantamento nos gastos da cota parlamentar de Mandetta mostra que, após eleito, o deputado passou a contratar a Amapil para voos dentro do estado. A prática, em si, não é ilegal, já que a verba parlamentar permite esse tipo de gasto, mas o fato lança novas evidências sobre a relação de Mandetta com a empresa.

Os gastos mais vultosos foram em outubro e novembro de 2016. Naqueles dois meses, Mandetta apresentou à Câmara duas notas fiscais da Amapil, uma no valor de R$ 20.500 para três trechos de voos, e outra no valor de R$ 24.450 para quatro trechos. Os deslocamento são pelo interior do Mato Grosso do Sul. Os valores das notas variam entre R$ 2.880 e R$ 24.450. Além de contratar táxi aéreo, Mandetta também gastou com emissão de passagens na aviação comercial, principalmente entre Campo Grande (MS) e Brasília, passando também por trechos a São Paulo e Rio de Janeiro.

Os voos feitos por Mandetta com a Amapil bancados pela Telemídia são citados em uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Federal contra ele. O GLOBO revelou a existência de recibo do voo fretado para Mandetta com o nome de um dos donos da Telemídia como contratante. A ação aponta que “se vislumbra a prática de ato contrário ao princípio constitucional da moralidade administrativa”.

O GLOBO deixou recado para o dono da Amapil, mas ele não telefonou de volta. Mandetta disse por meio de sua assessoria que a Amapil oferecia o melhor custo-benefício entre as concorrentes, que fez voos dentro do estado para cumprir atividades do mandato e que a contratação da Amapil não era uma contrapartida pela campanha eleitoral.

 

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