Novo ministro diz que não se submeterá a pressões e que manterá decisão do Iphan

Convidado por Michel Temer para a vaga de Marcelo Calero, o deputado Roberto Freire (PPS) afirmou à reportagem na manhã deste sábado (19) que não se sente constrangido em assumir o cargo em meio a uma polêmica, mas disse ter por princípio não se submeter a pressões e obedecer sempre as decisões dos órgãos técnicos.  

“Não tenho constrangimento nenhum. Não vou assumir por pressão de quem quer que seja, e nem vou me submeter a pressão. Até porque não acho que seja muito a prática do Temer, não me parece que Temer use da política para fazer pressão”, disse Freire. 

 

O futuro ministro disse que tomou conhecimento pela Folha da afirmação de Calero de que o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) pressionou o antigo titular da Cultura para que interferisse em um empreendimento imobiliário na Bahia em que tinha interesse pessoal. 

 

Apesar de ressaltar não ter conhecimento do caso específico, Freire indicou a disposição de manter a decisão do antecessor. “Vou saber o que está havendo, mas uma coisa é certa, ministro tem que pelo menos respeitar aquilo que é decisão dos órgãos competentes e tecnicamente capacitados para decidir. Isso é um princípio geral. Não sei o caso específico, mas vai ter que se aplicar esse princípio geral, de que temos que respeitar as decisões dos organismos técnicos e competentes.” 

 

Em entrevista à reportagem, Calero disse ter sido procurado ao menos cinco vezes por Geddel – por telefone e pessoalmente – para que ele assegurasse que o Iphan, instituto ligado à pasta, desse um parecer liberando a obra em construção em Salvador, onde o ministro dizia ter um apartamento. 

 

Freire afirmou que conversará com Temer sobre sua posse na segunda-feira (21). 

 

DESGASTE 

Para auxiliares e assessores presidenciais, a acusação feita por Calero é “grave” e não pode ser tratada com normalidade pelo presidente. 

 

A avaliação é que o episódio desgasta ainda mais a imagem de Geddel, afetada com a revelação de troca de mensagens entre ele e o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, preso no rastro da Operação Lava Jato. 

 

Segundo o entorno do presidente, Temer irá esperar a repercussão do episódio durante a semana para tomar uma decisão definitiva sobre a permanência ou saída de Geddel da pasta. 

 

Segundo a Folha apurou, o presidente chegou a ser informado antes da saída de Calero sobre a pressão de Geddel para autorizar a obra e tentou demover o ministro da intenção de deixar a pasta.

 

  

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