O Pokémon GO seria uma arma de espionagem do CIA?

 O Pokémon GO seria uma arma de espionagem do CIA?

Um dos assuntos mais comentados em relação ao Pokémon GO é a possibilidade de ele ser uma ferramenta utilizada pela central de inteligência do governo americano (CIA) para captar imagens do interior das residências das pessoas.

A história começou a circular por meio de uma postagem no Facebook em que um usuário relaciona o criador da Niantic, empresa que desenvolveu a tecnologia utilizada pela Nintendo no Pokémon GO, à inteligência do governo americano. O post foi compartilhado por alguns usuários do WhatsApp e, em questão de dias, se tornou uma corrente bastante disseminada no aplicativo de mensagens.

A corrente lista alguns motivos que fazem sentido e facilmente poderiam ser verdade. Mas não é bem assim. Veja abaixo:

– “O Pokémon GO foi fundado por este cidadão: John Hanke”. John Hanke fundou a Niantic, que é responsável pela tecnologia de realidade aumentada utilizada em Pokémon GO. O jogo em si foi idealizado pelo desenvolvedor Satoru Iwata e pelo CEO da Pokémon Company, Tsunekazu Ishihara, que conhecia o trabalho da Niantic e convidou Hanke para fazer parte do projeto.

Até então a Niantic havia lançado o jogo Ingress, que tem como objetivo utilizar a realidade aumentada para encontrar portais fictícios em lugares reais, como monumentos, igrejas, entre outros. Foi com os dados desse game que a equipe de Hanke decidiu quais seriam os melhores pokestops.

– “Ele também fundou a empresa Keyhole, Inc.” A Keyhole, Inc foi uma startup criada por Hanke em 2001 com o propósito de desenvolver um software que visualizava dados geoespaciais.

“Essa Keyhole é um projeto de mapeamento de superfícies, foi comprada pelo Google e usado para fazer o Google Maps/Earth e Street view. Essa Keyhole foi patrocinada pela empresa In-Q-tel, que foi fundada pela CIA em 1999 (só entrar no site deles e comprovar).”

A In-Q-tel, na verdade, é uma espécie de incubadora de startups. Todos os anos ela investe em empresas que têm projetos promissores na área de tecnologia. A ideia é que estes produtos possam ser aproveitados pela central de inteligência americana. A Keyhole recebeu investimentos da In-Q-tel em 2003especificamente para que a CIA utilizasse a tecnologia da startup para fazer mapeamentos durante a Guerra do Iraque. Em 2004, a empresa de Hanke foi comprada pelo Google e o software desenvolvido por ela foi utilizado para criar o Google Street View

– “Até aqui já podemos ver que a CIA indiretamente poderia ter acesso a todos os mapas do planeta, né? Só que eles ainda não conseguiam entrar dentro das casas, correto? Esses dias foi lançado o joguinho Pokémon GO, que virou febre na galera e geral anda usando, né? Para jogar você precisa dar permissão pro aplicativo usar a câmera, gps, microfone e até os dispositivos USB que estiverem conectados no seu smartphone.”

Ao fazer o download, o aplicativo pede o acesso à identidade, localização, câmera e informações sobre a conexão bluetooth do usuário. Não há especificações sobre o microfone ou os dispositivos USB.

– “Sempre que você aceita a permissão, o seu celular já acha três pokémons perto de imediato. Quando você procura por pokémons dentro de casa, você permite que o aplicativo tenha uma foto da sala, incluindo as coordenadas e o ângulo do seu celular. Você acabou de registrar as fotos de onde você mora por dentro e dar acesso ao aplicativo.”

No geral, os três primeiros pokémons estão nas proximidades do usuário, o que não necessariamente significa o interior da casa da pessoa. Além disso, há a possibilidade de o jogador dar início ao game no trabalho ou na rua, ou seja, os pokémons aparecerão perto de onde ele está, o que faz com que o argumento não tenha sentido.

– “Veja bem, você leu os termos de aceitação pra usar o jogo? Acho que ninguém vai ler né? São esses: Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos; Nosso programa não permite a opção ‘Do not track’ (‘Não me espie’) do seu navegador.”

A frase “nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas” está fora de contexto. O que eles afirmam é que, ao contrário de empresas como o Facebook, o jogo se compromete a ceder informações ao governo em casos judiciais.

“Usamos os cookies para identificar você (ou seu filho), para saber quando logou nos nossos serviços e quando interagiu com eles” e, em outro trecho, revela: “Os cookies da sessão são deletados quando você sair dos serviços e fechar seu navegador”.

Nos termos, os desenvolvedores falam ainda que podem repassar os dados para terceiros de forma a analisar maneiras de melhorar o jogo, no entanto, as empresas envolvidas estão, por lei, obrigadas a proteger os dados dos usuários.

Segundo as condições impostas, as informações pessoais dos usuários só serão reveladas em três situações: se o jogador quiser fazer uma reclamação, caso no qual os dados serão repassados para análise; se a Nintendo e a Niantic forem compradas por uma terceira empresa, que teria acesso aos dados dos usuários; ou em caso de processos criminais, situação na qual os dados seriam liberados para a justiça, de forma a proteger propriedade intelectual ou identificar atividades consideradas ilegais.

Os termos também revelam que de fato não responde aos comandos de “não rastrear” dos navegadores.

Polêmica envolve Hanke e o Google

O ano de 2007 foi marcado por um grande escândalo envolvendo o Google Street View. Durante o período, veículos especializados equipados com nove câmeras circularam o mundo para coletar imagens do mundo. Até 2012, o serviço tinha coletado imagens completas de 39 países. A polêmica começou quando agências de proteção aos dados dos usuários notaram que, durante o período, o Google teve a oportunidade de coletar informações a partir das redes de wi-fi dos usuários.

Como várias delas não estavam encriptadas, era possível conseguir interceptar o que estava sendo enviado por ali. A ocorrência ficou conhecida como Wi-Spy e, apesar de o Google negar que tenha coletado informações, estima-se que tenha interceptado milhares de gigabytes de informações de pelo menos 30 países.

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