Pais devem ter atenção redobrada com as crianças de férias
Em período de férias escolares, as crianças querem aproveitar cada momento após um ano exaustivo de estudos. Contudo, como em muitos condomínios não há espaço suficiente para o desenvolvimento de atividades, a casa ou o apartamento acabam sendo o ponto de partida para a curiosidade dos pequenos, com a exploração dos diversos ambientes. Contudo, qualquer descuido, principalmente para aqueles que não estão sob a supervisão dos pais ou responsáveis, pode vir a ser fatal.
De acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), foram registradas, até o último dia 14 de dezembro, 80 mortes envolvendo crianças de até 10 anos, sendo seis por queimaduras, cinco por quedas e uma por envenenamento. Esses casos ficam apenas atrás dos acidentes de trânsito (53,75% das notificações) e afogamentos (31,25%).
Com relação às internações, o número de crianças atendidas em unidades de saúde no estado foi superior a 8.500 este ano, a principal delas provocadas por quedas (2.300). Aparecem também neste rol, dentre outros, o número de internações por choques elétricos (414), queimaduras (337) e envenenamentos (22).
De acordo com a presidente do Departamento de Seguranças Infantil da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), Márcia Barreto, para a casa ser segura, é necessário que algumas medidas sejam tomadas como, por exemplo, jamais deixar crianças sozinhas. “Além disso, não deixar travesseiros, brinquedos ou objetos soltos no berço, utilizar todos os equipamentos com cintos de segurança corretamente afivelados e desencorajar brincadeiras e jogos em varandas, decks, lajes e terraços que não tenham proteção com redes”, explicou.
Segundo o Major Ramon Dieggo, do Corpo de Bombeiros, os locais mais perigosos da casa são a cozinha e o banheiro. “O banheiro, por se tratar de uma área alagada, a crianças pode vir a sofrer um escorregão, cair e sofrer algum trauma, até mesmo um afogamento. Na cozinha, o interessante é colocar uma barreira para que a criança não tenha acesso ao local, já que existem eletrodomésticos os quais eles podem vir a ter queimaduras ou sofrer choques”, apontou.
Para evitar transtornos, Márcia Barreto recomenda a adoção de gestos simples como a colocação de objetos cortantes em locais de difícil acesso, trancar armários os quais estejam sendo armazenados produtos de limpeza, talheres ou remédios utilizados pela família, jamais deixar cabos de panelas ao alcance das mãos das crianças, evitar reutilizar embalagens de refrigerante para guardar produtos químicos, entre outros. “Na fase da descoberta, a criança associa cor, sabor e imaginação. O que um adulto associa a uma lata, ela associa como um brinquedo, levando aquilo à pele ou a boca”, ressaltou Ramon Dieggo.
Outra dica passada pelo Major do Corpo de Bombeiros é a atenção dos pais com objetos próximos a janelas e basculantes como banquetas, pufes, mesas e cadeiras. “Elas começam a fazer brincadeiras associadas a super-heróis de desenhos que assistem e gostam de se precipitar para fora da edificação. Nunca deixar móveis próximos a locais como esses. Além disso, colocar telas de proteção nas janelas em caso de crianças pequenas. Além da altura, as crianças têm muito fascínio por fogo e água”, alertou.
Piscinas e portões devem estar devidamente protegidos
Durante o período de descanso, uma das atividades preferidas de crianças e adolescentes é a ida a lugares como piscinas, praias, rios e lagoas. Todavia, assim como em casa, a atenção tem que ser total para que elas não venham a se perder ou mesmo sofrer um acidente. “As piscinas deverão esta protegidas com cerca alta, portão com fechadura e alarme. Vale também lembrar que lonas cobrindo piscinas não as protegem dos acidentes de imersão. Outro aviso é o de manter brinquedos e triciclos afastados da área da piscina”, contou Márcia Barreto.
Outra questão a se ficar atento, em áreas abertas, é a questão da correnteza ou do local onde ela está pisando. “Do lado pode ter um desnível muito rápido de solo, além de pedras ou galhos, que podem se enroscar na pessoa que pode se assustar e acabar submergindo. Se a criança também não tem o costume de nadar naquele local ele pode, após algumas braçadas, se cansar, entrar em pânico e afundar. O interessante para os pais é checar se, naquela região, existe um posto de salva vidas”, afirmou o Major Ramón Dieggo.
Ainda segundo o representante do Corpo de Bombeiros, a conscientização, tanto dos pais, quanto das crianças deve ficar em primeiro lugar para que todos possam ter um período de férias tranqüilas. “As próprias crianças instruídas elas mudam o comportamento e sabem do risco e, assim, acabam influenciando os pais, de como lidar com o contexto geral”, finalizou.