Pela primeira vez em sete anos número de milionários cai no mundo

 Pela primeira vez em sete anos número de milionários cai no mundo

Após crescimento consecutivo por sete anos, tanto a população de milionários no mundo quanto sua riqueza recuaram em 2018, indicou o relatório World Wealth Report 2019, publicado nesta terça-feira (9) pela consultoria Capgemini.

As justificativas principais da retração estariam, segundo o documento, na guerra comercial, que derrubou o desempenho da China, e no brexit, com as incertezas no mercado europeu. No recorte pela população, o número de pessoas no mundo que tinham investimentos acima de US$ 1 milhão (R$ 3,8 milhões) recuou de 18,1 milhões em 2017 para 18 milhões no ano passado.

Em relação às regiões, o maior recuo ocorreu na Ásia-Pacífico, com queda de 1,7%. Na outra ponta, o Oriente Médio apresentou o maior avanço, de 5,8%. Já a América Latina teve crescimento de 1,9%. Sobre a riqueza dos milionários, o recuo global foi de US$ 70,2 trilhões (R$ 266 trilhões) em 2017 para US$ 68,1 trilhões (R$ 258 trilhões) em 2018 —perda maior que o PIB do Brasil, de US$ 1,8 trilhão.

A única região a apresentar crescimento nesse recorte foi o Oriente Médio, com alta de 4,3%. O pior desempenho veio da África —queda de 7,1%. A América Latina teve uma retração de 3,6%.
No caso do Brasil, embora o país tenha apresentado um avanço de 8% nos números de seus milionários (de 171 mil para 186 mil), a riqueza total recuou 3% no período.

Entre os desempenhos ruins, o documento destaca a Europa, que foi responsável por 24% da queda de US$ 2 trilhões da riqueza. Uma das explicações estaria na performance econômica do Reino Unido, que, após o anúncio de sua saída da União Europeia, passou a viver cenário de incertezas. A economia do país teve crescimento de 1% em 2018 —seu pior desempenho desde 2012.
Os britânicos decidiram sair do bloco europeu em um plebiscito convocado em junho de 2016 pelo primeiro-ministro à época, David Cameron.

“A paralisia política desencadeada pelo brexit agitou o mercado de forma incerta, com setores-chave (como os setores de manufatura e construção) tendo um declínio”, diz análise do documento.
Mas não foi só o Reino Unido o responsável pela queda na Europa, a Alemanha também apresentou comportamento negativo nos dois recortes, população e riqueza. “As exportações alemãs caíram e o setor automobilístico lutava para atender a novos e mais rigorosos padrões de emissão”, diz o texto.

Outra região que ajudou a piorar o desempenho foi a Ásia-Pacífico, com forte influência da China. De acordo com o relatório, o gigante chinês perdeu US$ 2,5 trilhões em capitalização de mercado com as incertezas da guerra comercial com os Estados Unidos.

A tensão entre as duas maiores potências globais teve início em março de 2018, quando os EUA anunciaram sobretaxas em produtos chineses, afirmando que o país asiático violava regras de propriedade intelectual.

Se em uma parte do planeta o dinheiro desapareceu, na outra, ele surgiu. Foi o caso do Oriente Médio, cujo desempenho destoou dos números globais. A explicação estaria na redução do preço do petróleo associado a reformas. “O preço do petróleo, combinado com significativas reformas estruturais e fiscais para combater o impacto do valor do óleo, estabilizou a economia da região.”

O país que mais tem milionários no mundo é os Estados Unidos, com 5,2 milhões, seguido pelo Japão, com 3,1 milhões, e Alemanha, com 1,36 milhão. Os três países juntos têm 61% da população de ricos do mundo, diz o relatório.

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