Pelo Brasil, candidatos adotam slogans contra a política tradicional
“Chega de político”, diz o slogan do segundo colocado nas pesquisas para a Prefeitura de Belo Horizonte, o empresário Alexandre Kalil (PHS). Ex-presidente do Atlético-MG, o candidato faz campanha sem prometer obras e já respondeu “não sei” quando questionado sobre solução para problemas da cidade.
Em Maceió, um deputado federal de 29 anos diz que será candidato a prefeito para fazer “nova política” e “trazer as demandas da geração Y à cidade”. “Quero tirar a política do analógico e trazer para o digital”, afirma João Henrique Caldas, o JHC (PSB). Ele é o terceiro nas intenções de votos.
Com pesquisas internas apontando a rejeição da política tradicional e a preferência por novos nomes, partidos têm apostado em candidatos como Kalil, que dizem não ser políticos, ou que prometem mudar a política, como JHC.
Em São Paulo, João Doria (PSDB) é um dos que usam o discurso de ser empresário, e não político. Mas a capital mineira se destaca no cenário nacional: além de Kalil, outros três dos 11 candidatos prometem “um novo modo de fazer política”.
O próprio prefeito Marcio Lacerda (PSB) tentou, sem sucesso, lançar um sucessor do meio empresarial, baseado em pesquisas que fez junto ao eleitorado. Para ele, o belo-horizontino queria alguém que não fosse ligado à política e que tivesse perfil técnico.
Mesmo Kalil diz que houve levantamentos com seu nome antes de ser chamado para concorrer. “Foi feita uma pesquisa por um âmbito que me apoia, com meu nome, e o resultado foi muito bom”, diz o candidato, que afirma não rejeitar todos os políticos, mas a “má política de hoje” de “vender partido e soltar cargos”.
Na cidade, dois deputados federais, Reginaldo Lopes (PT) e Marcelo Álvaro Antônio (PR), dizem que já trazem mudanças em seus modelos de campanha, sem panfletos ou militância paga. Outro deputado, Luis Tibé (PT do B), também é dos que dizem ir de encontro “à velha política”. “Quando se fala em alguém novo, muita gente pensa na [ex-presidente] Dilma. Mas as pessoas não querem apenas alguém novo, querem alguém com capacidade de dialogar. Eu me enquadro nesse perfil”, diz Antônio.
No Rio, outro que rejeita a comparação com Dilma Rousseff é Carlos Osorio (PSDB). O candidato se apresenta como um político “não tradicional” e que não “quer passar a vida toda na política”. “No caso de Dilma a população foi induzida a erro. Ela sempre foi militante política e estava a serviço de um projeto de poder. Eu não estou”, diz.
NÃO TÃO NOVOS
Um tom em comum em parte dos candidatos da “nova política” é que eles dizem que não são comandados por caciques partidários ou têm padrinhos políticos. Não é bem assim. Marcelo Álvaro Antônio, por exemplo, se chama Marcelo Henrique Teixeira Dias. Álvaro Antônio (1938-2003) era seu pai, ex-vereador, deputado e vice-prefeito de BH. “Quando cito meu pai é para mostrar que tenho vocação da política e venho de uma família política idônea”, diz.
Já JHC, que diz querer “quebrar a cultura do patrimonialismo” é filho do ex-deputado João Caldas, mas diz que faz “uma política totalmente independente”. “Eu faço parte de uma outra geração, e quero mostrar como essa geração pode ocupar esses postos de destaque”, afirma.
Osório, por sua vez, foi chamado à política pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e foi secretário da gestão e filiado ao PMDB, mas rompeu com o partido. O tucano diz que “não precisa da política para sobreviver” e “faz por amor”. “Minha independência é meu maior ativo”, diz ele.