Petrobras adia fechamento da Fafen na Bahia e Sergipe

 Petrobras adia fechamento da Fafen na Bahia e Sergipe

O presidente da estatal decidiu prorrogar o prazo para hibernação das fábricas mais 120 dias

Em audiência realizada ontem, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, e o diretor de Refino e Gás Natural, Jorge Celestino, decidiram prorrogar o prazo para hibernação das fábricas de fertilizantes em Sergipe e na Bahia por mais 120 dias, para aprofundar estudos sobre o assunto. A Fafen-BA é uma unidade da Petrobras, a primeira fábrica do Polo Petroquímico de Camaçari. Conhecida como a “semente do Polo”, foi a primeira fábrica de ureia do Brasil e teve suas operações iniciadas em 1971. É responsável pela produção de 474 mil toneladas/ano de ureia, 474 mil toneladas/ano de amônia e 60 mil toneladas/ano de gás carbônico, tendo os dois primeiros importância no desenvolvimento da agricultura e da pecuária no Brasil.

A proposta é que sejam criadas comissões estaduais com representantes dos governos de Sergipe e Bahia, das federações das indústrias dos dois estados e da Petrobras para avaliar alternativas para as fábricas. “Estamos dispostos a conversar. Vamos negociar e queremos começar imediatamente. Gostaria muito de encontrar uma saída que atendesse a essa questão sem subsídios. É importante que os estados engajem nessa discussão porque não vamos fazer com subsídios”, disse Pedro Parente.

O vice-governador da Bahia, João Leão (PP) subiu o tom na reunião sobre o fechamento da Fafen. “Não podemos deixar isso acontecer, pois o fechamento da fábrica seria jogar R$ 10 milhões no lixo”, disse Leão para o presidente da Petrobras. Os produtos da fábrica são utilizados como matéria-prima em outras empresas do Polo Petroquímico. A amônia é necessária para a produção da Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC; já a ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins.

O líder do Governo no Congresso Nacional, André Moura (PSC-SE),  e o deputado José Carlos Aleluia (DEM), propuseram o adiamento da hibernação das fábricas de fertilizantes na Bahia e Sergipe. Neste prazo será criada uma comissão em cada estado com a participação da Petrobras, dos governos dos estados e das federações de indústrias, com vistas a avaliar a viabilidade de que sejam encontradas alternativas para a hibernação. Segundo a Petrobras, a decisão de encerrar as atividades produtivas das unidades se deve às perspectivas de perdas da Petrobras com estas operações. Em 2017, a Fafen-BA apresentou resultado negativo de cerca de R$ 200 milhões.  A Fafen-SE apresentou resultado negativo de cerca de R$ 600 milhões no último ano.

Lídice defende diálogo entre governo e petroleiros

A líder do PSB no Senado, Lídice da Mata, defendeu ontem, durante audiência especial das bancadas de deputados e senadores da Bahia e Sergipe, que o governo federal dialogue para rever a decisão que estabeleceu a suspensão das atividades da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados em Camaçari e também no interior sergipano. De acordo com a parlamentar baiana, é preciso suspender a hibernação anunciada pela Petrobras para os dois parques industriais. Ela recorda que nas gestões de Itamar Franco (PMDB) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) houve diálogo para rediscussão da privatização de empresas como a Nitrofértil e Chesf. Para a parlamentar baiana,  a natureza desse problema exige uma negociação.

“O primeiro ponto é a não hibernação da FAFEN. Essa é uma decisão de governo e precisamos sentar para conversar. O fechamento dessas fábricas na Bahia e Sergipe atinge a Região Nordeste e sua economia como um todo”, afirmou. “Não podemos pensar num Brasil que seja o celeiro do mundo – como disse o presidente Temer – sem fertilizante hidrogenado produzido aqui. Precisamos incorporar o Ministério da Agricultura nesse debate”, completou.

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