Polícia fará reconstituição dos assassinatos de Marielle e Anderson
A Divisão de Homicídios realizará uma reconstituição do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mortos no dia 14 de março passado. A informação é do secretário de Segurança, general Richard Nunes, durante desfile cívico realizado neste sábado na Avenida Primeiro de Março, em homenagem a Tiradentes, padroeiro das forças militares.
Segundo Richard Nunes, a reprodução simulada será realizada no início de maio. O general, no entanto, não comentou as declarações do presidente Michel Temer que afirmou na sexta-feira, que o esclarecimento do caso estaria próximo do fim.
– Decidimos na sexta-feira, em reunião, realizar reprodução simulada dos fatos. Vai ser no incio de maio porque ainda depende de algum acerto técnico. É complexo realizar uma reprodução simulada como essa, inclusive com disparos teias naquela área. Isso demanda uma série de preparações e também de condições meteorológicas no local. Essa reprodução vai ajudar muito a nós compreendermos de maneira completa a dinâmica daquele crime e também compatibilizar as diferentes versões das testemunhas para que tenhamos visão completa dos fatos – explicou.
O secretário disse ainda que serão distribuídas 265 viaturas à PM na próxima quinta-feira, dia 26:
– É um sinal de que começamos a dar passos efetivos para recuperar nossa capacidade. Novas aquisições virão ao longo desse ano.
– Estamos planejando, por meio das nossas delegacias especializadas, pela parceria com Ministério Público, o próprio poder judiciário tem nos apoiado muito. Vamos intensificar e coibir essa prática criminosa, como coibiremos qualquer outra prática criminosa.
Há dez anos, a Polícia Militar não promove o desfile cívico em homenagem a Tiradentes. Para o secretário, o retorno dessa tradição eleva a autoestima dos policiais:
– Estamos satisfeitos de resgatar uma tradição que havia sido interrompida há dez anos. Hoje é o dia que comemoramos o mártir da independência, nosso Tiradentes, dia da Polícia Militar. É fundamental que a gente resgate esse tipo de tradição porque isso faz parte da recuperação da capacidade operativa da polícia. Resgatar valores, tradições, isso eleva a autoestima do policial militar, a corporação cresce com isso.
INVESTIGAÇÕES
Na sexta-feira, a vereadora foi homenageada durante a formatura de uma turma do Instituto Rio Branco (IRBr), em Brasília. Os pais da vereadora estiveram na formatura da turma, que levou o nome de “Turma Marielle Franco”. Durante a cerimônia, o presidente Michel Temer afirmou que as investigações sobre o crime avançavam e que as autoridades estavam trabalhando para identificar e levar à Justiça os responsáveis:
— O inaceitável e covarde assassinato da vereadora chocou não apenas o nosso país, mas chocou o mundo. Marielle teve sua trajetória política brutalmente e covardemente interrompida, mas seus assassinos não conseguiram, nem conseguirão, matar o que ela representa. As investigações sobre o crime avançam com método e critério. As autoridades competentes trabalham para que os responsáveis sejam identificados e levados à Justiça — disse Temer.
Nesta semana, o chefe da Polícia Civil do Rio, o delegado Rivaldo Barbosa, disse, em entrevista à Rádio CBN, que o prazo de investigação sobre o assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes pode demandar tempo, mas que a Polícia Civil está usando todos os recursos possíveis não só para prender, mas para levar os culpados à condenação.
Também na sexta-feira, o desembargador Luiz Fernando Pinto, da 25ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, concedeu efeito suspensivo ao recurso do Facebook, reformando parcialmente a decisão que obrigava a rede social a excluir todos os posts ofensivos sobre a vereadora Marielle Franco. A partir de agora, como informou Ancelmo Gois, o site só precisa deletar as publicações e conteúdos especificados pela irmã, Anielle Franco, e a viúva da parlamentar, Mônica Benício. Ambas são autoras do processo que pediu a remoção das publicações na rede social.
A decisão também suspende o fornecimento e monitoramento indiscriminado de registros de perfis e páginas não indicadas no processo. Na decisão, o desembargador afirmou que o Facebook já cumpriu com o que era viável, com a retirada das postagens que foram identificadas no processo, mas que não cabe ao site localizar os conteúdos ofensivos, já que é uma questão subjetiva que deve ser apontada pelas autoras do processo.