Preso por morte de engenheiro conhecia vítima há 5 anos e tentou roubar R$ 1,5 mil. Sequestro foi iniciado em Lauro de Freitas
Preso pela morte do engenheiro eletricista Nivaldo Castor de Cerqueira, 63 anos, Deijailton Soares dos Santos, conhecido como Bruno Ilha, confessou ter planejado e sequestrado a vítima. Ele nega, no entanto, que tenha matado o engenheiro, que estava desaparecido desde o último dia 23 e cujo corpo foi encontrado na noite desta quinta-feira (1º), enterrado numa cova rasa em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
À polícia, Bruno Ilha disse que encontrou com Nivaldo no dia 23, logo depois de ele ter deixado um funcionário no supermercado Hiper Bompreço, na Avenida ACM, e saíram para tomar cerveja. Em seguida, Nivaldo foi até Ipitanga, em Lauro de Freitas, também na RMS, dar uma carona para Bruno. Foi quando o plano do sequestro relâmpago começou a ser colocado em ação.
Bruno confirmou que, logo depois ele descer do carro do engenheiro, dois comparsas abordaram Nivaldo e anunciaram um assalto. O engenheiro foi colocado no porta-malas do próprio carro e Bruno, então, entrou novamente do veículo, com os dois comparsas. O objetivo, segundo informou à polícia, era obrigar Nivaldo a sacar R$ 1,5 mil, que Bruno disse precisar para ajudar um irmão que está preso.
De Ipitanga, o trio seguiu com a vítima no porta-malas até o município de Simões Filho, onde ele deveria fazer os saques. Mas, segundo Bruno Ilha, quando o porta-malas foi aberto, o engenheiro já estava morto.
Fratura
De acordo com informações da polícia, o corpo não foi encontrado com sinais aparentes de violência. No entanto, o médico legista responsável pela necropsia localizou uma pequena fratura na região do pescoço que não parece ter sido provocado por um objeto, mas que pode ter sido resultado de um enforcamento, um ‘mata-leão’.
Exames serão feitos para apontar se Nivaldo morreu em decorrência dessa fratura ou por um possível sufocamento dentro do porta-malas do veículo.
Em depoimento, Bruno Ilha afirmou que, quando constataram a morte do engenheiro, ele e os dois comparsas decidiram abandonar o carro com o corpo dentro. No dia seguinte, eles retornaram ao local, conhecido como Góes Calmon, uma área erma de Simões Filho, onde cavaram uma cova rasa e enterraram o corpo do engenheiro.
Já o veículo da vítima foi abandonado no Ponto Parada, outra localidade de Simões Filho, do outro lado da cidade da RMS.
Após o crime, Bruno fez quatro saques da conta de Nivaldo Castor, nos valores de R$ 900, R$ 400, R$ 50 e R$ 40, todos em Lauro de Freitas. Ele disse que conseguiu sacar o dinheiro porque Nivaldo guardava a senha junto com o cartão. Ele também ficou com o celular da vítima e vendeu pela internet. Tanto o comprador quando a esposa de Bruno, responsável pela venda, foram ouvidos pela polícia e liberados.
Prisão
Segundo o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), José Bezerra, Bruno Ilha foi preso ontem na rodoviária de Feira de Santana, quando se preparava para embarcar para Jequié, no Centro-Sul da Bahia. Embora ele não tenha passagens pela polícia, exceto um registro de ameaça a uma cunhada e outro por dirigir sem habilitação, a polícia suspeita que ele integrava, há seis meses, uma quadrilha de roubo de carro.
“Ele usou uma caminhonete S-10, roubada, para ir para Feira de Santana e estava se preparando para embarcar para Jequié quando foi surpreendido pelas forças policiais. Há seis meses ele está atuando em uma quadrilhas especializada em roubo de veículos. O carro levado para Feira fazia parte desse esquema e a ida dele para Jequié também pode estar relacionada com isso. Estamos investigando. A prisão dele aconteceu com o apoio da Delegacia de Homicídios de Feira”, afirmou.
Bruno disse à polícia o nome dos dois comparsas, que ainda estão sendo procurados e não tiveram as identidades reveladas para não atrapalhar as investigações.
Ninguém da família do engenheiro, que era casado e tinha duas filhas de um primeiro casamento, conhecia Bruno Ilha. Ele, no entanto, afirmou que os dois se conheceram há cinco anos em uma agência dos Correios e que eram amigos. A polícia disse que chegou a Bruno após cruzar informações de depoimentos e outros contatos.
Correio