Professor de Ética diz que Moro age com ʹdesejo de agradar a mídiaʹ

 Professor de Ética diz que Moro age com ʹdesejo de agradar a mídiaʹ

Após ter sentido na pele o peso de um julgamento político no ano de 1964, o professor de Ética e Filosofia da Universidade de Campinas (Unicamp) Roberto Romano comparou o processo pelo qual passou ao enfrentado pelo ex-presidente Lula, condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4 Região (TRF-4), em Porto Alegre, nesta quarta-feira (24).

O acadêmico apontou parcialidade do juiz federal Sérgio Moro. “Lhe digo com segurança que, mesmo naquele momento, não tive um juiz tão acusador quanto se vê no caso deste processo [de Lula]. Temos uma distorção muito séria na função do magistrado. Moro mostrou todo o seu desejo de agradar a mídia com a prisão de Lula. Com estardalhaço, foi feita uma prisão coercitiva, quando na verdade ele já tinha se disposto a depor”, declarou, em entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metrópole, na manhã desta quinta-feira (25). 

O julgamento de Lula, considerado “traumático”, foi citado pelo professor como um momento para exemplificar a necessidade de fortalecimento da democracia no país. “É bonito falar de democracia quando você pensa que a sua é democracia e a minha não vale… O diálogo tem que ser racional e as posições contraditórias. Se a minha posição de hoje se mostrar errônea, não tenho nenhum problema, por isso estudei a filosofia. Quando você erra, você admite que errou. Mas se você nunca erra, há algo errado”, disse. 

Não só Moro foi alvo de críticas de Romano, que acusou o Ministério Público Federal (MPF) de ser parcial. “O MPF desde o episódio do Power Point mostrou que tem uma posição militante política. Isso é muito sério”, acrescentou.

O estudioso também falou da gravidade da corrupção no espectro político nacional, ao qual atribuiu uma mancha. “Tem uma luta da Lava Jato para debelar esse mal, mas é impossível. Se não for efetivada mudança, que seja uma república federativa mesmo, essa concentração de recursos no governo federal, que viabiliza o ʹdando que se recebeʹ, se você não cria uma instituição nova efetivamente a corrupção estará lavrando por baixo. Você encontra os famosos bodes expiatórios, você encontra uma pessoa que de fato tem indícios e alguns elementos testemunhais, mas você não leva o rigor a exigência da prova”, concluiu.

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