Professora de Lauro de Freitas ‘solta o verbo’ pra cima de Débora Regis após a gestora culpá-los pelo IDEB baixo e analfabetismo
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Em carta aberta, a professora Francislene Cerqueira fez diversos questionamentos direcionados à prefeita Débora Regis, que esta semana na Câmara de Vereadores em seu discurso falou sobre baixo índice no IDEB na cidade, bem como o analfabetismo: “Nosso IDEB precisa aumentar, a gente não pode mais permitir que uma criança de dez anos não saiba ler e escrever, é inadmissível, a gente pode pegar e ir no portal da transparência para vocês verem, pegue a região metropolitana, o lugar que mais os professores são atendidos chama-se Lauro de Freitas, os maiores salários dos professores estão em Lauro de Freitas e é inadmissível a gente ver crianças não saber ler e escrever com dez anos de idade”, disse Débora.
Leia a carta aberta da professora:
À Excelentíssima Prefeita, Senhora Débora Régis Filha.
A senhora em algum momento de sua vida já foi professora de escola pública para conhecer a realidade de uma sala de aula? A senhora enquanto vereadora passou algum dia sequer de seu mandato em uma sala de aula de escola pública, aqui ou em qualquer outro município?
Porque para a senhora colocar a culpa do IDEB e do analfabetismo de Lauro nas costas dos professores com seus “altos salários”, com toda certeza a senhora já lecionou e teve alunos com altíssimos rendimentos escolares.
E, ao que me parece, em uma de suas mentiras, não saístes de Itinga e sua mãe não foi professora de escola pública, pois há escolas lá, que não me atreveria a trocar da unidade escolar em que sou lotada, onde no mínimo, uma vez por ano tem “toque de recolher” e é necessário que se suspendam as aulas.
Creio eu, que a senhora não soube que ano passado, na semana da criança, as atividades foram suspensas devido à violência. Com isso, uns 8 jovens morreram de forma brutal, com resquícios de crueldade e que dentre estes jovens haviam parentes de alunos meus, os quais, após o ocorrido, mal conseguiam entrar e sentar, outros levaram uma semana sem comparecer e eu, com meu “alto salário”, mas sem nenhum diploma de Psicologia e/ou especialização em Psicologia Infantil fiz um trabalho de acolhida, empatia e escuta, e ao final do ano, levei dos meus 66 alunos, 55 para um passeio no clube, pois para a maioria deles foi o único passeio que tiveram durante o ano ou teriam em suas férias. Ao contrário da senhora que comemora suas vitórias em passeios internacionais, viagens pela Europa… Nós, professores, para termos esse luxo, teremos que parcelar em 12X, 24X ou adquirir um consignado, porque com nossos “altos salários”, os quais a senhora mencionou, ainda não é possível.
Contudo, para que a senhora ou quaisquer uns dos que ousem culpabilizar os professores queiram e possam provar que a culpa do analfabetismo e baixo rendimento é nosso, proponho que passem uma semana, nos dois turnos do nosso trabalho em nossas salas.
Vamos trocar de trabalho por uma semana? Veremos quem vai reclamar primeiro e/ou vai aguentar até o final. Qual secretário, vereador ou a senhora prefeita aceita a proposta? E quem vai pedir para sair primeiro? E quem faria um excelente trabalho com os recursos que recebemos?
Porque se eu fosse a prefeita, não teria havido um dia sequer de manifestação por cobrança de salários, mas pago para ver quais de vocês aguentariam 66 alunos, dentre eles 10 PCDs, em uma sala com ar-condicionado quebrado, e/ou com todas as outras precariedades que enfrentamos.
Eu poderia ser prefeita de excelência por uma semana, mas aposto meu “alto salário” que a senhora não conseguiria ir para uma sala de aula como as nossas e ser uma excelente professora por 2 dias.
Professora Francislene Cerqueira
Especialista em Educação Profissional e Tecnológica
Pedagoga, Analista e Desenvolvedora de Sistemas