Rumo ao interior: coronavírus avança em pequenas cidades baianas com até 10 mil habitantes; veja lista
Ao menos 48 cidades baianas com até 10 mil habitantes já registram casos de coronavírus. Um acréscimo de 20 cidades comparado ao último levantamento feito no dia 21 maio. Destas, quatro têm menos do que 5 mil moradores. Em dez pequenas municípios já houve ao menos uma morte por covid-19. Até este domingo (7), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) registrou 28.250 diagnósticos confirmados da doença no território baiano e 879 mortes.
Dentre as 48 cidades, Pau Brasil, que fica no sul da Bahia, é a que mais registrou óbitos em razão do coronavírus. Dos 16 moradores infectados, três morreram. Com população estimada em 9.831 habitantes, o município registrou o primeiro caso da doença no dia 27 de abril. De acordo com a secretaria municipal da Saúde, o paciente contraiu o vírus após passar alguns dias acompanhando um familiar no Hospital Costa do Cacau, em Ilhéus.
Localizada no extremo sul baiano, Ibirapuã lidera em números de infectados dentre as cidades com menos de 10 mil habitantes. Por lá, 23 moradores foram contaminados pelo vírus e um deles morreu.
Por conta do alto índice de contaminação, Ibirapuã passou a adotar o toque de recolher no município desde a última quarta-feira (3). A circulação de pessoas nas ruas só é permitida até às 18h. Medida vale até esta terça (9). A Prefeitura também instituiu barreiras sanitárias nas principais entradas e saídas da cidade como forma de prevenir a transmissão do coronavírus.
O número de casos confirmados também é considerado alto em Potiraguá, no sul do estado. De acordo com a Sesab, há 22 registros de covid-19 no município que tem pouco mais de sete mil habitantes. Como uma das medidas de enfrentamento a proliferação do coronavírus, a prefeitura de Potiraguá distribuiu aproximadamente 6 mil kits contendo álcool em gel e máscaras para os moradores da cidade.
Distante a 136 quilômetros de Potiraguá, a pacata São José da Vitória também sofre com a elevação na quantidade de infectados. Dos 5.657 moradores, 21 testaram positivo para o novo coronavírus.
Na mesma região, Gongogi possui 16 registros confirmados da doença e duas mortes. O primeiro óbito ocorreu no dia 10 de abril. O paciente, um idoso de 71 anos, ficou internado em estado grave em um hospital filantrópico de Itabuna, mas não resistiu. Quatro dias depois, a Sesab confirmou o falecimento de uma mulher de 82 anos, também residente no município de Gongogi. A idosa possuía histórico de hipertensão e diabetes.
Por causa do elevado número de infectados, a prefeitura de Gongogi adquiriu um túnel de desinfecção para proteger as pessoas que entram e saem da cidade, além de lavatórios para higienização das mãos.
Um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, constatou que a doença já é registrada em 100% das regiões mais populosas, e que o número de regiões menores com casos confirmados mais do que triplicou.
A pesquisa usou dados sobre saúde da pesquisa Região de Influência das Cidades (Regic), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que identificou os deslocamentos intermunicipais da população que busca serviços de saúde e agrupou as cidades em regiões.
O vice-diretor do Icict/Fiocruz, Christovam Barcellos, alertou que o Brasil não conseguiu conter a disseminação da doença dos grandes centros para as cidades menores, e isso vai gerar uma pressão sobre os sistemas de saúde.
“Se a gente já tem algumas dessas cidades maiores sobrecarregadas, com a interiorização podem começar a aparecer nelas muitos casos vindos do interior, como uma segunda onda. Por isso, Itália e China tentaram reter o fluxo entre regiões para limitar a epidemia”, disse o pesquisador, lembrando os bloqueios em Wuhan, na China, e na região da Lombardia, na Itália.
Veja a lista completa das cidades baianas com até 10 mil habitantes que têm casos da covid-19:
Fonte: Bnews