Salvador pode ter mais de 200 dias com temperatura média acima dos 30 graus, afirma cientista

 Salvador pode ter mais de 200 dias com temperatura média acima dos 30 graus, afirma cientista

A capital baiana é sede da Semana do Clima da América Latina e Caribe, realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de segunda-feira (19). Durante participação no evento, o professor Carlos Nobre, cientista destacado principalmente na área dos estudos sobre o aquecimento global, falou com jornalistas sobre o aumento da temperatura em Salvador. 

“Os dias quentes estão ficando mais comuns. Até de uma forma rápida, nas últimas décadas, o número de dias que a temperatura passa de 32 até 34 graus tem aumentado consideravelmente nessa zona costeira. Então, isso as pessoas já tem percebem claramente. O número de internações de pesoas que sofrem de doenças cardio-respiratórias aumenta muito. E também, ainda que mais lentamente, o nível do mar está aumentando e vai mudando a linha costeira. Isso acontece ao longo de décadas, mas certamente a ocupação das zonas costeiras já percebe claramente essa mudança. Se continuarmos nessa tendência, que eu espero que não continuemos, o número de dias com a tempertura média em Salvador, acima dos 32, pode passar dos 200 dias ao ano no final do século. Claro que não queremos chegar, mas é bom saber do risco. Tem que ter sucesso no Acordo de Paris ou então chegaremos a esse cenário”, disse. 

Nobre também disse que o nível do mar pode subir consideralmente caso o Acordo de Paris não tenha sucesso: “esse efeito já é visto ao longo de muitas décadas, o nível do mar sobre lentamente. Nessa região o Basil já subiu 25 centímetros. As ressacas estão aumentando. Esse fenômeno é visto mais na costa sul do Brasil, mas também chegam aqui. A grande preocupação é que se perdermos o controle do aquecimento global, o risco da geleria da Groelândia derreter é muito alta. Por exemplo, se a temperatura média subir três graus, em 500 anos derrete todo o gelo da Groelândia o nível do mar vai subir sete metros. Então, nós não podemos, em hipótese nenhuma, passar dos três graus. Por mais que seja em séculos, estamos fazendo do desaparecimento de inúmeras cidades e do valor cultural de cada cidade. Se tivermos sucesso no Acordo de Paris, o nível do mar subirá 50 ou 60 centímetros em um século. Com menos sucesso, esse número pode chegar a um metro e meio. Existem milhões de brasileiros que vivem próximo ao nível do mar e que vão sofrer muito mais caso não tenha sucesso no Acordo”.

O professor falou sobre o que as cidades podem fazer para conter o avanço do aquecimento global: “é um esforço global. Mas ele tem que começar em alguns lugares. As cidades brasileiras têm boas intenções, mas tem que se tornar plano de governo, planos negociados e discutidos com toda a população. Numa cidade, a melhor contribuição é reduzir suas emissões. Transporte elétrico, começar a comprar energia renovável, tudo isso é factível. A energia renovável é muito mais barata que hirelétrica. Tão importante quanto isso são políticas de redução de risco”.

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