Salvador terá polo de call center; seis mil novas vagas serão criadas ainda este ano
A capital baiana será um polo de call center nos próximos anos, segundo foi anunciado pelo prefeito ACM Neto, na manhã desta quarta-feira (14), durante a apresentação de mais um eixo do programa Salvador 360, o Salvador Negócios. Ainda este ano, serão criadas pelo menos mais 6 mil vagas nesse setor, por causa de incentivos fiscais concedidos pela prefeitura da capital.
A criação das vagas se deve à expansão do setor na cidade, que, além de prestar o teleatendimento, vai atuar na telecobrança. “A gente vai consolidar um seguimento que já tem em Salvador, mas que ainda não está consolidado”, disse o prefeito.
Para alcançar esse objetivo, o secretário de Desenvolvimento Urbano, Guilherme Bellintani, anunciou uma série de ações dentro do eixo Salvador Negócios. Entre as medidas estão a isenção de 50% de IPTU por 36 meses para instalação de empresas de teleatendimento e telecobrança, desde que gerem mais de 500 postos de trabalho. Outra é a redução do ISS de 5 para 2% para empresas de telecobrança.
Entre os primeiros resultados desse programa está a ampliação da atuação da empresa Atento. “A gente ia colocar um centro de telecobrança em outra cidade, mas por causa dos incentivos fiscais em Salvador, a gente decidiu trazer para cá”, disse o presidente da companhia, Mário Câmara.
Geração de emprego
Outras seis áreas de produção e serviços serão estimuladas pela prefeitura ainda dentro da mesma iniciativa: turismo, construção civil, varejo, têxtil, tecnologia e economia criativa. O Salvador Negócios se baseia principalmente em incentivos fiscais, concedidos para que empresas se instalem até 2018 em Salvador, e seu objetivo é a geração de emprego. Um projeto de lei contemplando as ações incluídas nessa política deve ser enviada em breve à Câmara Municipal de Salvador (CMS).
“Estamos abrindo mão de uma receita futura, de quase R$ 250 milhões nos próximos quatro anos, que não existiriam se não fossem fomentadas. A gente quer garantir a antecipação de investimentos. Vamos conceder benefícios para quem quer começar a investir agora”, disse o prefeito.
Para o Salvador Negócios, foram escolhidos segmentos de atuação que já tivessem força no município para serem estimulados, como o turismo e a economia criativa, além de outros que a cidade tem capacidade de abrigar, como o setor têxtil e o de tecnologia. A prioridade foi o investimento em áreas que tivessem maior capacidade de geração de emprego.
Um dos principais setores empregadores na capital baiana, o setor turístico, principalmente na parte hoteleira, vai receber benefícios. “Nossa prioridade não são novos hotéis, mas a gente tem que melhorar nossa rede hoteleira”, disse Neto, ajudando a capital a superar a crise existente na indústria hoteleira.
Para garantir a sobrevivência de hotéis e pousadas no município, a prefeitura vai estimular a sua recuperação, através da redução do ISS de obras de reforma para os próximos dois anos, criar o programa de otimização de performance de equipamentos turísticos e hotéis, além de acelerar a concessão de alvarás da nova concessionária do Aeroporto de Salvador, a francesa Vinci Airports.
Uma das medidas mais polêmicas é a tributação de aplicativos não regulamentados no município, como por exemplo o Air BNB. Por possibilitar que pessoas comuns aluguem quartos para turistas sem qualquer tipo de regulamentação, a plataforma consegue oferecer preços mais baixos que o geral. “Ele não paga ISS (Imposto sobre Serviços de qualquer natureza), gera pouquíssimos empregos e não é uma concorrência justa com hotéis e pousadas”, justificou Bellintani.
Mais emprego
Além de ações específicas, o Salvador Negócios vai contemplar medidas para a melhoria do ambiente de negócios em Salvador. Entre eles, está a capacitação de quatro mil pessoas por ano através de convênios com faculdades e a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) para as áreas de vocação econômica do município, além da digitalização do Simm (Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra) e da cessão de imóveis ou terrenos da prefeitura para ampliação de segmentos estratégicos para a economia da capital.
Segundo o prefeito ACM Neto, a intenção do programa Salvador Negócios é gerar um novo ciclo de desenvolvimento na capital, antecipando a saída da crise econômica. “Não vamos esperar pela sorte. A prefeitura não vai ficar de braços cruzados”, disse, ao citar que o poder executivo local está fazendo o que pode para superar a posição de Salvador no índice de desemprego – é a 20ª capital do país. “Nós queremos que Salvador bata no peito e se orgulhe de ser a capital que mais gera emprego no Brasil”, completou Neto.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), Carlos Souza Andrade, aprovou as medidas. “Nós temos quatro ou cinco anos em queda no número de empregos. Temos que fazer alguma coisa. As empresas que estão vivas hoje, a gente tem que ajudar a respirar, e as que querem entrar no mercado a gente tem que incentivar”, disse ele.