Sanfoneiros fazem encontro que vai virar DVD
Depois de três dias de apresentações, terminou no último sábado (16) o IV Festival Internacional da Sanfona de Juazeiro. Foram mais de dez shows, entre eles do americano Murl Sanders, tocando clássicos do blues e até Beatles, o duo argentino de tango Vania Tagini e Gabriel Merlino e os brasileiros Renato Borghetti, Mestrinho e Oswaldinho. Tudo foi gravado e, junto com o material das outras três edições do festival, o sanfoneiro e produtor Targino Gondim fará um DVD. Entre as preciosidades, está um dueto histórico, gravado em 2010, de Dominguinhos e o acordeonista americano Frank Marocco, que já tocou com Prince, Madonna, Pink Floyd e fez trilhas para mais de 300 filmes.
— Foi um encontro que qualquer sanfoneiro do mundo sonhou ver. São dois gênios, de escolas e estilos diferentes. O Frank Marocco é um dos maiores da escola do jazz, e o Dominguinhos é da escola nordestina do Luiz Gonzaga. Trata-se de uma raridade — diz Gondim, lembrando que, depois de uma jam session, os dois emendaram “Chega de saudade”, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. — O DVD ainda não tem previsão de lançamento, mas será produzido pelo José Milton, que foi responsável pela bíblia do forró “Cada um belisca um pouco” (CD da Biscoito Fino de 2004 com os sanfoneiros Dominguinhos, Sivuca e Oswaldinho).
O festival já reuniu mais de 40 sanfoneiros do mundo todo em Juazeiro. Na edição finda anteontem, apresentaram-se no palco do Centro Cultural João Gilberto músicos de regiões e estilos diferentes. O típico som gaúcho da sanfona de Renato Borghetti se misturou à sonoridade nordestina do Quinteto Sanfônico da Bahia e ao estilo americano de Murl Sanders, na quinta-feira, primeira noite do evento. No sexta-feira, teve a dupla argentina de tango Vanina Tagini e Gabriel Merlino e o versátil sanfoneiro Oswaldinho, que tocou clássicos do forró e até uma versão de “Asa branca”, numa pegada blues.
O sergipano Mestrinho mostrou um show mais cadenciado, repleto de brasilidade, em homenagem ao seu mestre, Dominguinhos. O workshop de harmonia e acompanhamento do acriano Chico Chagas ficou lotado de nos dois dias. O evento ainda contou com exposição de fotos e instrumentos e o show de encerramento de Fagner.
— Eu sempre usei da minha credibilidade para trazer esses músicos para cá. O Dominguinhos veio nas duas primeiras edições. O Sivuca, eu cheguei a convidar mas não deu tempo, porque ele morreu antes. Agora, temos o Oswaldinho, que está em todas as edições. Ele é o único dessa tríade sagrada do acordeom que está vivo e continuará vindo sempre — conta Gondim, que, ao ser lembrado de que deixou Luiz Gonzaga fora desse rol de craques, faz questão de explicar. — Luiz Gonzaga não conta, porque Luiz Gonzaga é Deus.