Sarampo no Brasil: alerta máximo e a corrida para evitar uma nova epidemia

Manchas vermelhas são um dos sintomas do sarampo Crédito: Shutterstock
O início da semana trouxe um novo sinal de preocupação: o Ministério da Saúde anunciou, no dia 1º, a distribuição de um milhão de doses extras da vacina tríplice viral para combater o sarampo no Rio de Janeiro. A campanha, que começa na segunda (7), priorizará nove municípios do estado, com o objetivo de evitar que o Brasil perca novamente o título de “país livre da doença”, conquistado em 2016 e recuperado em 2024 após um surto entre 2018 e 2023.
A preocupação surge após a confirmação de três casos em 2025: dois em crianças de São João do Meriti (RJ) e um em uma mulher do Distrito Federal que viajou ao exterior. Felizmente, todos se recuperaram, e não há evidências de transmissão para outras pessoas. No entanto, o risco existe, especialmente diante da queda na cobertura vacinal nos últimos anos, agravada pela desinformação durante a pandemia.
Em 2024, o Brasil conseguiu reverter parte do problema, atingindo 95,22% de cobertura com a primeira dose da tríplice viral e 79,73% com a segunda — números superiores aos de 2022. Apesar disso, o Ministério da Saúde ressalta que o vírus ainda circula globalmente e pode ser reintroduzido no país a qualquer momento.
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS) alertou, no final de 2024, para a queda nas taxas de imunização em várias regiões do mundo, exceto nas Américas. África, Europa e Sudeste Asiático enfrentam surtos preocupantes, o que exige vigilância redobrada no Brasil.
Na Bahia, por exemplo, nenhum caso foi confirmado desde 2023. Em 2024, todas as 98 notificações foram descartadas, e em 2025, cinco suspeitas já foram investigadas e consideradas negativas. O estado superou a meta de vacinação, com 98,46% de cobertura na primeira dose.
A infectologista Sylvia Lemos, do Laboratório Leme (Rede Dasa), alerta que o sarampo é altamente contagioso e pode ser fatal. Os sintomas iniciais — como tosse, coriza, irritação nos olhos e febre — são facilmente confundidos com os de outras viroses. Em seguida, surgem manchas vermelhas pelo corpo, seguidas de possíveis complicações como pneumonia, encefalite e até morte.
A transmissão ocorre pelo ar e pode acontecer até quatro dias antes e depois do aparecimento dos sintomas, especialmente em ambientes fechados. Crianças e idosos são os mais vulneráveis.
A vacina tríplice viral, disponível gratuitamente no SUS, é a forma mais eficaz de prevenção. O esquema recomendado é:
– 1ª dose aos 12 meses
– 2ª dose aos 15 meses
– Quem tem entre 1 e 29 anos deve tomar duas doses
– Pessoas de 30 a 59 anos precisam de apenas uma dose
Gestantes não podem receber a vacina, e quem perdeu o cartão ou não tem certeza se foi imunizado deve procurar um posto de saúde. Sylvia Lemos também destaca a necessidade de revisar os esquemas vacinais, já que a imunidade pode diminuir com o tempo.
O momento é de agir: a vacinação em massa é a chave para evitar que o sarampo volte a assombrar o Brasil.