Secretário de Segurança Pública defende tributação das drogas para enfraquecer o tráfico

 Secretário de Segurança Pública defende tributação das drogas para enfraquecer o tráfico

O secretário de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), Ricardo Mandarino, defendeu uma profunda revisão na política de combate às drogas no país. Ele comentou que a tributação dos entorpecentes pode ser a melhor arma para diminuir a criminalidade. Em entrevista a Mário Kertész hoje (18), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, Mandarino afirmou que não defende o uso de drogas, mas que o atual modelo de repressão às drogas é ineficaz.

“Eu estou defendendo um combate à droga mais efetivo e não do jeito que se faz hoje. O jeito que se faz hoje a gente não vê resultado, isso aconteceu no mundo inteiro. O que identifiquei aqui na Bahia que 70% dos crimes vem dos tráficos de drogas, disputas de grupos de organizações criminosas por pontos de venda. Eu estava lendo ontem que quem mais consome drogas no Rio de Janeiro é a classe média alta, mais que a periferia. Se é a classe média alta é quem mais consome, ela que alimenta o comércio de drogas. Isso significa que a gente vem discutindo há 40 anos. Eu tenho estudado muito sobre isso”, afirmou o SSP.

Na avaliação do secretário, o combate meramente repressivo não diminui o consumo e não vai resolver o problema, apenas minimiza a questão. “Nós não vamos dar mole para o tráfico de drogas porque a legislação que a gente tem é repressiva. Agora o que eu penso é que a gente tem que parar para discutir uma nova modalidade. Os países que mudaram essa política e passaram a regulamentar o tráfico de drogas, não houve aumento de consumo de nenhum deles. Alguns até diminuíram”, declarou.

Mandarino detalhou como a alternativa pode ser viável para o governo, tanto no ponto de vista social como monetário. “O estado, ao invés de ficar gastando o dinheiro que gasta com esse sistema repressivo, poderia muito bem tributar essas drogas e o produto da tributação, minha ideia é essa, ficaria vinculado ao combate ao uso de drogas. Seria esse objetivo. Esse produto de tributação seria arrecadado pela receita federal e seria afetado ao ministério da Saúde com duas destinações: construir hospitais para recuperar drogados e propaganda massiva para chocar, aquela propaganda que toca no jovem e mostra o ridículo que é o cara consumir droga”, disse o gestor público.

“É preciso que se diga isso, eu não gosto de droga. Odeio e não bebo nada, nem fumo. Não bebo por moralismo, é porque me faz mal. Como vou defender o uso de droga? Eu faço o contrário, eu quero acabar ou diminuir. Mas acabar é impossível, o ser humano sempre se drogou. Agora diminuir o consumo é possível. Com essa legislação que a gente tem é impossível”, acrescentou o secretário. 
 

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