Seminário da FALP destaca desafios para o desenvolvimento de cidades democráticas e inclusivas

 Seminário da FALP destaca desafios para o desenvolvimento de cidades democráticas e inclusivas

“Quanto mais participação da população houver nas tomadas de decisão, mais democráticos serão os municípios”, destacou o coordenador da Plataforma Global pelo Direito à Cidade do Instituto Pólis, Nelson Saule, na abertura do Seminário Internacional da Rede FALP – “O direito à cidade e a nova agenda urbana da ONU”, realizado nesta terça-feira (13) no Centro Panamericano de Judô, em Lauro de Freitas. O encontro faz parte da programação do Fórum Social Mundial.

“A plataforma contempla pensamentos teóricos na construção coletiva do que significa o direito das cidades a partir da contribuição de vários segmentos da sociedade civil, e defende que todos os habitantes têm direito a uma cidade democrática, justa, inclusiva e sustentável como bem comum”. O seminário reuniu autoridades de quatro países – Brasil, França, Senegal e Benin, com um desafio comum: desenvolvimento com qualidade de vida.

A ideia de que olhar a periferia é olhar o povo negro foi reforçada na fala do prefeito da cidade de Pikine (Senegal), Adbulayeh Timbó, e de Tatá Edson, coordenador Nacional de Articulação Política do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana. Edson lançou a proposta de cidades irmãs entre povos de origem jeje, banto e ioruba do Brasil e África. “Esse pode ser um passo histórico”, destacou.

Esse traço de fraternidade das comunidades tradicionais de origem afros ficou ainda mais evidente no discurso do soberano da comunidade de Agonagon, em Benin, Quenon Babá Tao, que levou para seminário o conceito de amor e da valorização dos mais velhos e da pátria como prioridade. “Quem cuida com amor de si mesmo vai cuidar de tudo da mesma maneira”. O soberano destacou ainda a valorização da educação. “Ensinamos nossos filhos para que sejam reflexos de que as coisas podem mudar. Eu desde criança aprendi que tinha que cuidar da minha terra e mesmo não querendo ser rei o destino me fez ficar à frente. Estamos todos no mesmo caminho e temos que cuidar da nossa terra”.

Anfitriã do seminário, a prefeita Moema Gramacho disse que é “uma honra” para o município sediar o evento. Para ela é o momento de tratar do municipalismo brasileiro e internacional em busca da melhoria da qualidade de vida dos munícipes. “Refletir os assuntos que afligem todos os municípios localizados no torno das metrópoles. Essa discussão é de uma riqueza sem igual e traz a possibilidade de extrairmos propostas que tratam de políticas públicas sem levar em consideração a questão partidária, com a atenção voltada para o bem dos municípios. Lauro de Freitas se incorpora nessa realidade e estou aqui para somar nessa luta.”

*CULTURA DE DESENVOLVIMENTO*

Ary Vanazzi, coordenador do FALP na América Latina e prefeito de São Leopoldo (RS), revelou estar orgulhoso de retornar a Lauro de Freitas para realizar o debate. “Estou no terceiro mandato – como a prefeita Moema – numa parceria de luta pela defesa dos municípios. Com os governos de Lula e Dilma conseguimos vários avanços. Confesso que nunca mais vamos ter possibilidade de fazer governo como fazíamos na era de Lula e Dilma, a não ser que a gente reverta esse quadro na nossa história”.

A Rede FALP-Fórum de Autoridades Locais de Periferia tem o propósito de articular politicamente o planejamento estratégico e de propor ações que pensem o conjunto de cidades que envolvem a capital, explica Ary Vanazzi. “Precisamos montar uma cultura de desenvolvimento dos municípios periféricos construindo uma relação democrática com o povo, além de estimular ações gerais entre essas cidades na América Latina e no mundo. E esta é uma das características da FALP”.

A Rede FALP surgiu há 15 anos durante o Fórum Social Mundial de Porto Alegre e já realizou encontros em países como França, Espanha, Senegal e Argentina. Este ano a Rede Felp volta ao Brasil como parte do Fórum Social Mundial que acontece até dia 17, em Salvador.

Fotos Edgard Copque e Lucas Lins

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