Taxistas atraem motoristas do Uber para armadilha em SSA
A disputa entre taxistas e motoristas do Uber chamou a atenção de quem passava pelo Loteamento Aquários, na Pituba, nesta quinta-feira, 4, depois que os condutores clandestinos foram atraídos para uma armadilha. A ação foi realizada por um grupo de taxistas que usou o aplicativo da empresa para simular uma falsa corrida com a intenção de atrair os concorrentes. Com a chegada do motorista, os veículos foram fechados.
Dois condutores foram alvo da ação: José Laércio Santana Araújo, que dirigia um Hyundai HB20, e o motorista de um Nissan Versa. Araújo disse que se sentiu ameaçado com a situação. “Um taxista armou a emboscada, me chamou e quando eu cheguei tive o carro fechado por cerca de 15 táxis. Eu fiquei com medo, não sai do veículo e chamei a polícia”, contou.
Apesar do susto, Araújo ressalta que não foi agredido pelos taxistas. A informação foi reforçada pela subtenente Márcia Itabaina. De acordo com ela, em nenhuma das duas ocorrências houve registro de agressão. A PM destaca que a polícia vai para o local para garantir a segurança das duas categorias e, caso o motorista do Uber considere que teve sua integridade física ameaçada, pode prestar queixa.
O taxista Edno Martins, que participou da ação, disse que ele e os colegas vão continuar atraindo os concorrentes e chamando a polícia. “Nossa ideia é acabar com os clandestinos, porque se continuar assim, a classe de taxista vai acabar. O prejuízo que estamos tendo é absurdo. Tem colega voltando para casa com R$ 40 depois de um dia de trabalho e antes a gente tirava entre R$ 150 e R$ 200”, explica.
O presidente da Associação Metropolitana de Taxistas (AMT), Valdeilson dos Santos, disse que a entidade não recomenda esse tipo de ação. “A orientação é que não tenha violência. Muitas vezes, eles param o Uber e a prefeitura não tem como enviar uma equipe. Portanto, acaba tendo um desgaste. Além disso, não podemos fazer o papel da prefeitura”, defende.
Mesmo assim, Valdeilson diz que o Uber é uma concorrência desleal. “A situação que o taxista está vivendo hoje é complicada não só por conta da crise (econômica), como pelo Uber. É uma concorrência desleal, porque eles não são fiscalizados e não pagam impostos. Não é justo”, pondera.
Apesar do alarde da ação dos taxistas, o veículo de José Laércio foi liberado sem ser multado, já que ele não estava com passageiro no momento, portanto não foi configurado flagrante. O outro carro parado pelos taxistas foi conduzido para o pátio da Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), mas, segundo a subtenente Márcia, também seria liberado em seguida.
O supervisor da Transalvador Manoel Nunes explicou que, mesmo não multados, os dados dos dois motoristas e de seus automóveis foram registrados e serão enviados para a Secretaria de Mobilidade, onde será realizada uma ação administrativa. O advogado da Uber foi orientado a procurar o órgão.
O agente da Transalvador ainda destacou que a lei 9.066/16 prevê multa de R$ 2.500, além de pagamento do custo do pátio para quem for flagrado fazendo transporte sem licença.