Tradições e resistência: a diversidade da cultura popular de Lauro de Freitas em mais de meio século de emancipação

 Tradições e resistência: a diversidade da cultura popular de Lauro de Freitas em mais de meio século de emancipação

Há quem diga que Lauro de Freitas tem um certo ar de interior. Seria porque o município ainda mantém tradições como a do Terno de reis, de mulheres rezadeiras ou do samba de roda? Nem todo mundo que vive no território se conhece, é verdade. A aniversariante do dia 31 de julho chega aos seus 59 anos de emancipação política com mais de 200 mil habitantes. Sua trajetória é conhecida, sobretudo, pelas manifestações culturais, expressões religiosas e uma composição étnica predominada por afrodescendentes.

Cidade dos encantos, Lauro de Freitas preserva em quase 60 quilômetros quadrados traços identitários que despontam como marcantes da própria história e da formação do país. Abriga terra e comunidade quilombola, reserva indígena, meio rural e zona urbana, além de ser porta de entrada do Litoral Norte da Bahia, com três lindas praias turísticas. Linha da cultura, a hidrografia local também se coaduna com a existência dos Rios Ipitanga, Joanes, Sapato e Goró e seus afluentes.

As manifestações culturais estão na identidade desta cidade em que mais de 80% da população é negra, conforme dados do Movimento Negro Unificado do município. As que mais se destacam são: folias de reis, festa do padroeiro Santo Amaro de Ipitanga, blocos carnavalescos, festa junina, emancipação e lavagens tradicionais de bairros. A cultura municipal conta ainda com uma dinâmica diversa. São dezenas de grupos de capoeira, dança, teatro e uma cena hip hop bastante efervescente.

Atividades que expressam a história local e seus avanços não faltam. E quando o assunto é manter as tradições populares, a Prefeitura de Lauro de Freitas fomenta a cultura nesse âmbito com a promoção do calendário cultural. Anualmente são realizados mais de 50 eventos calendarizados. O último promovido no município, antes da crise pandêmica do novo coronavírus, foi o “Carnaval da Paz, Amor e Alegria”, em fevereiro de 2020.

A identidade cultural de Lauro de Freitas está na memória de quem viu seu Balaieiro entrelaçar balaios sentado na porta de casa. Está nas vozes de dona Badinha e dona Aidê quando entoam versos na festa de reis. Ela sobrevive de geração em geração, fantasiada de caretas ao percorrer as ruas da cidade. Se faz presente e conta história no samba de roda do Quingoma. Resiste na arte das beijuzeiras de Areia Branca. Está ali, na simpatia das baianas que não perdem um desfile cívico de emancipação e de tantos outros grupos culturais.

Difícil é definir uma coisa só para uma cultura tão rica e diversa. Mas simples é se reconhecer enquanto agrupamento cultural. Prova disso são os integrantes do bloco afro Bankoma que participam de oficinas próprias de tecelagem, confecção de instrumentos musicais, dança afro e outros, além de levar sua identidade territorial para expor em janelas do mundo. Os cangaceiros de Ipitanga, um dos mais tradicionais grupos de cultura nordestina em Lauro de Freitas, é outro exemplo do que é ser e pertencer a um conjunto.

*Censo cultural*

Para potencializar o desenvolvimento de políticas públicas voltadas aos segmentos culturais e artísticos, a Prefeitura de Lauro de Freitas iniciou, neste ano, um cadastramento para o 1º Censo Cultural do município. As informações coletadas no Censo vão viabilizar o acompanhamento por parte da administração municipal da evolução da classe artística, dos empreendimentos culturais e das manifestações populares.

A Prefeitura também investiu, nos últimos anos, na preservação de espaços que estão diretamente ligados a formação da cultura na cidade, com a execução das reformas na secular Igreja Matriz de Santo Amaro de Ipitanga e do Auditório Abdias do Nascimento, parte do Centro de Referência da Cultura Afro-brasileira, localizado no Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão.

 

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