Trote para SAMU, PM e Bombeiros dará multa
Quem passar trote telefônico aos serviços estaduais de emergência, como o SAMU, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar e Polícia Civil deverá ser penalizado com multa de meio salário mínimo a cada reincidência ou pena de advertência com prestação de serviços durante 24 horas para a instituição prejudicada.
O SAMU-Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, que pode ser acionado pelo telefone 192, é um programa que funciona 24 horas por dia cuja finalidade é prestar socorro à população em casos de emergência. Em Salvador, o serviço recebe uma média de 40 mil chamadas mensais. Contudo, cerca de 12 mil, ou 30% dessas chamadas são trotes que atrapalham o trabalho dos 900 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e socorristas que atendem às demandas urgentes de natureza traumática, clínica, pediátrica, cirúrgica, gineco-obstétrica e de saúde mental da população, prejudicada pelas ligações indevidas.
“O combate ao trote é uma questão de alta relevância para as contas públicas e para uma melhor qualidade de vida”, defende o vereador. Conforme levantamento efetuado por Câmara, “um trote tem custo de R$ 500 por deslocamento”, de acordo com estimativa da Policia Militar do Amapá, além de impedir o atendimento a demandas reais. Isso significa, no caso de Salvador, por exemplo, “um custo mensal de R$ 6 milhões. Na soma dos trotes em todo o país, segundo dados do Senado Federal, o dispêndio com os trotes alcançam R$ 1 bilhão”.
A criação de projeto prevendo multa para assinantes de telefonia fixa ou móvel que realizarem trotes. ”O acionamento indevido dos serviços de emergência, gerado por inconsequência ou má-fé, estará ocupando uma linha ou mobilizando uma equipe com ambulância que podem ser essenciais para salvar a vida de alguém ou garantir a segurança da população”, alerta vereador Paulo Câmara no projeto.
Os valores arrecadados com as multas, conforme a proposta, deverão ser destinados à melhoria dos serviços de emergência. No Brasil, alguns estados já aplicam medidas que visam inibir a prática do trote, a exemplo do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
SAMU contribui para redução no número de óbitos
“É uma coisa que incomoda e traz prejuízo à população”, diz Ivan Paiva, coordenador de urgência e emergência do Samu no município de Salvador. Conforme Paiva, os trotes começam às 6 horas da manhã e são registrados até por volta das 22 horas. “A unidade se desloca para o local, ocupando médico e outros profissionais, deixando de atender às vezes outra solicitação, e quando chega ao local é surpreendida pelo fato de nada ter acontecido. Ter sido mais um trote”, relatou.
Comprovadamente a maioria dos trotes parte de crianças. “Elas não têm noção do que estão fazendo, quando ocupam a linha telefônica”, pondera Paiva. Ele se queixa da mesma atitude quando parte dos adultos, que representam 1% no universo dos trotes: “Estes simulam uma situação muito próxima do real e prejudicam o nosso serviço. Já as crianças, em idade escolar, precisam ouvir orientações dos pais para que não façam isso”, sugere.
O SAMU/192 contribui na redução do número de óbitos, de internação em hospitais e das sequelas decorrentes da falta de socorro precoce. O serviço realiza o atendimento de urgência e emergência em qualquer lugar: residências, locais de trabalho e vias públicas. O socorro é feito a partir de chamada gratuita para o telefone 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação que identificam a emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. Esse profissional faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante, orientando o paciente, ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras ações.
Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento para o paciente: orienta a pessoa a procurar um posto de saúde; designa uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de enfermagem e socorrista para o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia uma UTI móvel, com médico e enfermeiro. Com poder de autoridade sanitária, o médico regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos e, dessa maneira, reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade. Em Salvador existem 41 ambulâncias e 56 na Região Metropolitana em operação, – a partir de 13 bases descentralizadas nos bairros do Cabula, Cajazeiras, Bonfim, Pau Miúdo, Canela, Boca do Rio, Itapuã, Valéria, Brotas, e nas avenidas San Martin e Paralela.
Por ser um serviço de âmbito federal, o sistema conta com outras unidades no estado em municípios como Itaparica, Vera Cruz, Simões Filho, Candeias, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Santo Amaro, Saubara e Lauro de Freitas. Atualmente, o SAMU possui 41 ambulâncias na capital e 15 na Região Metropolitana. “Já tivemos o caso de um paciente com distúrbios psiquiátricos, que ligou 600 vezes solicitando atendimento”, relata Ivan Paiva, que também atende ao telefone.
112 milhões de pessoas atendidas
O SAMU 192 é o principal componente da Política Nacional de Atenção às Urgências. Criada em 2003, tem como finalidade proteger a vida das pessoas e garantir a qualidade no atendimento do SUS. A política de Urgência tem como foco cinco grandes ações: organizar o atendimento de urgência nos pronto-atendimentos, unidades básicas de saúde e nas equipes do Programa Saúde da Família; estruturar o atendimento pré-hospitalar móvel; reorganizar as grandes urgências e os pronto-socorros em hospitais; criar a retaguarda hospitalar para os atendidos nas urgências; e estruturar o atendimento pós-hospitalar.
A Rede Nacional SAMU possui 147 serviços de atendimento móvel às urgências, atendendo, com isso, 1.273 municípios, alcançando cerca de 112 milhões de pessoas. Com dez anos em atividade, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – Samu 192 já realizou mais de 4,5 milhões de atendimentos, sendo 1,5 milhão de forma presencial e o restante via telefone, tirando dúvidas e prestando esclarecimentos. O serviço tem atuado com eficácia em grandes eventos, sejam esporádicos, como a Copa do Mundo de 2014 ou tradicionais, como o Carnaval de Salvador. O SAMU age ainda como agente organizador da própria rede de assistência na capital baiana e na Região Metropolitana de Salvador, direcionando as pessoas atendidas para as unidades hospitalares onde existam vagas disponíveis para cada especialidade, conforme a necessidade dos pacientes.
O serviço conta com cerca de mil funcionários, entre médicos – de regulação e de campo – enfermeiros, técnicos de enfermagem, telefonistas, assistentes administrativos e condutores. De acordo com o coordenador do SAMU de Salvador, Ivan Paiva, a implantação e manutenção do serviço na capital significou um ganho de qualidade e proporcionou relevante modificação na prestação de atendimento na cidade ao longo desta década. “Antes do SAMU, os atendimentos de urgência e emergência eram complicados. Claro que ainda há a necessidade de ampliação, mas houve um ganho real de qualidade. O que peca ainda, infelizmente, é a rede assistencial, que ainda deixa a desejar”, disse.
Conforme o médico, “muitas vezes colocamos o paciente em uma ambulância, mas não temos onde deixá-lo, seja por falta de leitos, ou devido ao volume de atendimento destes locais. O SAMU, em sua essência, é um serviço de emergência. Nossa atuação é no atendimento àquelas pessoas que necessitam da ação imediata e que não dispõem de serviço médico qualificado naquele momento em que sofreu um infarto, um acidente vascular cerebral (AVC), enfim, quando há vidas em risco”, ressalta.
O coordenador destaca ainda a importância da assistência do SAMU 192 em casos extraordinários ocorridos neste período, como a cirurgia seguida do resgate de um jovem que agonizava sob os escombros de um imóvel que desabou na região da Conceição da Praia, quando foi necessária a amputação de um dos membros do jovem para que este fosse retirado das ruínas com vida após 20h de agonia. Outro episódio marcante para o gestor foi o socorro prestado a 26 vítimas de um naufrágio de um catamarã que seguia para Morro de São Paulo, em 2006, quando todos os ocupantes foram atendidos e retornaram a terra com vida. O serviço tem sido de extrema importância no apoio às ações da Prefeitura quando das ocorrências de desabamentos decorrentes das chuvas.
SAMUVet
Foi lançado em Salvador do primeiro Serviço Móvel de Atendimento de Urgência Veterinário. O SAMUVET atuará com uma equipe de veterinários prestando primeiros socorros a animais que forem atropelados, sofrerem algum tipo de agressão ou necessitarem de atendimento clínico de urgência. A ideia é que, a exemplo do funcionamento do Samu para humanos, o veterinário também possibilite aos animais a primeira assistência ainda na ambulância, e ser encaminhado para a Clínica Veterinária Popular da Pituba, a Clinicão, que atua em parceria com a ONG Geamo, onde se dará continuidade ao tratamento.
O SAMU VET foi foi adquirido pelo deputado estadual Marcell Moraes (PV) e por sua irmã Marcelle Moraes, presidente da Geamo. “Estamos muito felizes por colocar esse serviço inovador em prática, garantindo mais essa importante conquista para os anjos de quatro patas. Vamos ajudar ainda mais os animais de rua”, comemora o parlamentar. Com informações Albenísio Fonseca TB.