Vale a pena ser motorista do Uber?

 Vale a pena ser motorista do Uber?

Quem perde o emprego ou quer fazer uma renda extra analisa se vale ou não a pena ser um motorista Uber, o aplicativo que virou febre no mundo e motivo de polêmica com os taxistas no Brasil. Não há uma resposta única, mas alguns indícios – e contas – a fazer antes de empreender nesse negócio.

“No começo valia a pena, mas hoje existem muitos carros Uber na praça por causa do desemprego”, afirma Emerson Paulo, motorista Uber desde dezembro do ano passado. Ele e seu colega Maviael de Arruda, que também dirige um Uber, constatam na prática uma rotina muito mais dura do que observavam há um ano. “Antigamente, a cada 10 ou 15 minutos o aplicativo te chamava para uma corrida. Agora, com o inchaço de carros, leva uma hora ou mais”, diz Maviael.

Em setembro do ano passado, o Uber assumiu o compromisso de criar 30 mil novas oportunidades de trabalho até outubro de 2016.  Quando informou essa projeção existiam cinco mil carros utilizando a plataforma no Brasil. De lá para cá este número dobrou. E a estimativa é de que existam mais de um milhão de usuários em todo o País.

Antes de mostrar os números, é importante entender algumas diferenças na tarifação.

No Uber, a corrida é uma soma da tarifa base (cobrada assim que você entra no carro), dos minutos gastos no trajeto e da distância percorrida em quilômetros. Nos táxis, também existe a bandeirada e a quilometragem, mas a tarifa por tempo, chamada de “hora parada”, é cobrada apenas quando o carro estiver parado, no semáforo ou em algum congestionamento, por exemplo.

 

 

Ponta do Lápis

Ante de se aventurar,  é bom saber que tipo de negócio é o Uber e quanto você pode gastar – e ganhar –  com o serviço. O primeiro passo é compreender que existem no mercado dois tipos de carros Uber: a categoria X, que cobra 25% do total da corrida, paga em cartão de crédito, ao aplicativo; e  a Black, com uma cobrança menor, de 20%.

A diferença entre o Uber X e o Black está no veículo e no conforto oferecido. Enquanto no X exigem-se veículos a partir de 2008, com carroceria quatro portas, cinco lugares e ar-condicionado, na  categoria Black os carros devem ser sedans pretos ou SUV, fabricados a partir de 2010, com bancos de couro e ar-condicionado.

No Black sugere-se também que o motorista trabalhe de terno e gravata, enquanto no UberX, calça e camisa social. Além disso, os carros Black podem oferecer aos passageiros bebidas e balas, que serão ou não cobrados à parte dependendo do motorista.

O detalhe é que o aplicativo promove uma espécie de avaliação, de zero a cinco, do usuário. Periodicamente, o Uber contabiliza essas notas e pode inclusive descredenciar motoristas que tiverem uma performance inferior a 4,6 pontos.

Custos

Ao contrário dos taxistas, o motorista do Uber arca com o custo total do carro, isto é, não tem isenção alguma na compra do veículo.  Comparativamente,  os taxistas – dependo do Estado no qual o automóvel circulará – têm abatimentos de ICMS (as alíquotas variam) e um bom desconto em concessionárias, que pode chegar a até 30% no ato da compra em São Paulo.

A contrapartida dos impostos é que a legislação é mais branda para o Uber comparada a táxi. Não existem taxas para órgãos públicos ou necessidade de licenças para atuar – o alvará de funcionamento no caso dos taxistas. Mas há outras exigências que envolvem gastos importantes para quem deseja operar um carro Uber.

Os motoristas Uber precisam ter carteira de motorista com licença para exercer atividade remunerada – EAR, e passam por checagem de antecedentes criminais em nível federal e estadual. Além disso, os carros precisam ser cadastrados com a apresentação de Certidão de Registro e Licenciamento do Veículo, Bilhete de DPVAT do ano corrente e apólice de seguro com cobertura APP (Acidentes Pessoais a Passageiros) a partir de R$ 50 mil por passageiro.

Ganho

Tudo computado, quanto ganha hoje um motorista do Uber? Para Guilherme Cury,  gerente de operações do aplicativo Parpe (locação de veículos) e especialista em Uber, os ganhos dependem muito do esforço – leiam-se horas trabalhadas – do motorista. Mas ele confirma o que vários trabalhadores já perceberam na prática: fatura-se bem menos atualmente do que há um ano, quando existiam menos carros Uber na praça.

“Hoje, trabalhando-se duro, dez horas por dia, de segunda a sábado, dá para tirar líquido algo entre R$ 2 mil a R$ 3 mil”, afirma. O esforço é muito grande para um ganho tão pequeno, afirma Cury, já que existem opções melhores de empreender do que o Uber segundo ele.

Simulação

A maior parte dos motoristas que adere ao Uber já possui um carro próprio. Mas para quem quiser empreender, e comprar um automóvel, é bom fazer uma conta simples antes de arriscar. Tomando-se como exemplo um carro para Uber X e outro para o Black, o cálculo a ser feito é em quanto tempo você pagará o investimento feito no veículo, o que os economistas chamam de “payback”.

Um carro da Fiat Grand Siena novo, que serviria para o Uber X, sai por R$ 49.460,00. Isto sem contar documentação e emplacamento. Com uma renda estimada de R$ 3.000,00 líquida e uma prestação mensal em torno de R$ 1.000,00 o carro seria pago em pouco mais de quatro anos. E sobrariam R$ 2.000,00 por mês ao motorista de renda com uma jornada de dez horas diárias.

Na compra de um Corolla preto (R$ 68.740,00), também sem emplacamento e documentação para operar o Uber Black, no mesmo caso descrito acima o carro seria pago em cinco anos e sete meses. Com informações Carlos Dias.

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