Professora de SP colocava alunos de creche em sacos de lixo; veja vídeo

 

Após quase dois meses de investigação, a Polícia Civil de Restinga (a 389 km de São Paulo) obteve imagens do circuito de segurança de uma creche municipal que mostram uma professora do ensino infantil amarrando crianças em sacos de lixo como castigo por suposto mau comportamento em sala de aula.

A professora, que foi afastada pela prefeitura, deve ser indiciada por maus-tratos aos alunos, com idades entre 3 e 5 anos. A defesa disse que ela nega estar nas imagens e que, mesmo assim, não deveria ser considerada a única culpada.

Além da docente, duas estagiárias e uma professora substituta da creche municipal devem ser indiciadas por serem coniventes com a ação, ocorrida em setembro.

A denúncia foi feita por duas mães de alunos da escola municipal de ensino básico Célia Teixeira Ferracioli naquele mês. Nas imagens, uma das estagiárias tenta colocar o saco no corpo das crianças. Em outro vídeo, a professora aparece colocando um aluno dentro do saco enquanto é observada pela substituta.

 

 

Para o delegado Eduardo Lopes Bonfim, as imagens e o andamento das investigações são claros quanto às ações das professoras e das estagiárias.

“Não há dúvidas que o fato ocorreu e iremos indiciá-las. Esperamos apenas o resultado do laudo das imagens, que deve sair em 15 dias”, afirmou.

Bonfim disse que, num primeiro momento, recebeu imagens erradas da prefeitura e, por isso, chegou a afirmar que as câmeras não haviam registrado as ocorrências.

“Mas, ao notar o engano, conseguimos as imagens referentes aos dias indicados e elas haviam captado os castigos”, disse.

Ainda segundo o delegado, também foram ouvidas cinco mães de alunos que confirmaram a acusação. “Vamos ouvir as acusadas e, depois, faremos o indiciamento formal. Isso deve acontecer nos próximos dias”, disse. “Devido à ampla gama de provas, não vamos precisar expor os alunos ao desgaste de um depoimento.”

Bonfim afirmou ainda que, além das imagens já verificadas, a Polícia Civil irá analisar cerca de 80 horas de filmagem para comprovar se houve mais casos de maus-tratos. “Pelo que colhemos no depoimento de cinco mães e da forma como as crianças se portam em relação à creche, parece que esse tipo de situação era comum. Acho que iremos encontrar mais”, disse.

As servidoras foram afastadas por 30 dias. A administração municipal também investiga o caso por meio de sindicância interna.

CHOQUE

Segundo relato de uma das mães, que pediu para não ser identificada, o filho dela, de três anos, começou a se recusar a ir para a escola afirmando que não queria ir para o saco de lixo.

Ela conversou com outras mães e descobriu que as outras crianças também tinham queixas similares.

“Foi aí que decidimos ir ao Conselho Tutelar e fazer a denúncia. A gente não imaginava que estava acontecendo algo desse tipo, foi chocante”, conta.

O advogado da professora, Rui Engracia Garcia, disse que se surpreendeu ao ter conhecimento das imagens na noite desta terça-feira (14) e que sua cliente afirma que não é ela que aparece no vídeo.

“Não reconheci minha cliente nas imagens e vou apurar isso. Ela nega, disse que não é ela”, afirmou.

De acordo com o advogado, ainda que se confirme ser ela, a docente não deve ser a única culpada. “Além dela havia duas estagiárias e uma professora de apoio [na sala]. Colocar a culpa só nela é muita covardia.”

Questionado se pedirá a reintegração da professora ao cargo, Garcia disse que vai aguardar o término do processo administrativo para conhecer a conclusão da prefeitura e, em seguida, decidir as medidas que serão tomadas.

“Como o prefeito a afastou, vou aguardar. Depois tomarei as medidas cabíveis.”

A reportagem não conseguiu o contato com os representantes legais das outras três acusadas.