‘Green Book’ tira de ‘Roma’ maior prêmio de um Oscar pulverizado. Confira os vencedores

 ‘Green Book’ tira de ‘Roma’ maior prêmio de um Oscar pulverizado. Confira os vencedores

Green Book” foi o grande vencedor do Oscar e levou a estatueta de melhor filme dessa que é a premiação mais importante do cinema. A obra levou ainda nas categorias de ator coadjuvante (Mahershala Ali) e roteiro original.

A vitória do longa do diretor Peter Farrelly, sobre a relação entre um músico negro e seu chofer ítalo-americano, pode ser encarada como um recado discreto da Academia em prol da integração racial sob o turbulento governo Trump.

Discreto pois, dentre os três concorrentes que tocavam no tema do racismo, o vencedor é o que tem o tom mais conciliatório, apaziguador, e o único dirigido por um cineasta branco. Durante a temporada de premiações, “Green Book” foi chamuscado por polêmicas envolvendo seu diretor, acusado de exibir sua nudez para atrizes, e um de seus roteiristas, Nick Vallelonga. Veio à tona um tuíte desse último em que ele apontava que muçulmanos comemoravam o 11 de Setembro.

O prêmio acabou tirando da Netflix a possibilidade de levar seu primeiro prêmio de melhor filme, com “Roma”. Ainda assim, o serviço de vídeo sob demanda acabou empatando com três importantes estatuetas: melhor direção, para Alfonso Cuarón, melhor filme estrangeiro e direção de fotografia.

As estatuetas reforçaram o status da Netflix, que produziu o longa, como a força mais revolucionária do cinema das últimas décadas. O serviço sob demanda também conseguiu uma segunda vitória graças a “Absorvendo o Tabu”, premiado na categoria de melhor curta documental, que trata da luta contra o estigma da menstruação na Índia.

O recordista em vitórias foi a cinebiografia musical “Bohemian Rhapsody”, que levou quatro prêmios. O filme, que rememora a carreira da banda de rock Queen, rendeu a estatueta de melhor ator para Rami Malek, que interpreta Freddie Mercury, e os de melhor montagem, edição de som e mixagem de som.

Não foi nenhuma surpresa que o nome do diretor do filme, Bryan Singer, deixasse de ser mencionado nesses discursos. Além de ter tido uma passagem turbulenta pelo set, o cineasta enfrenta acusações de abuso sexual, inclusive contra menores de idade.

Das poucas surpresas da noite, a inglesa Olivia Colman tirou o prêmio de Glenn Close, a mais cotada, e ganhou como melhor atriz por seu papel da rainha tresloucada de “A Favorita”.

“Pantera Negra” acabou despontando com estatuetas de figurino e direção de arte.

Foi um reconhecimento à construção do visual afrofuturista do longa de Coogler, repleto de referências que remetem a signos da realeza africana e a símbolos da cultura negra nos Estados Unidos. Também ganhou por trilha sonora.

Regina King levou o prêmio de atriz coadjuvante por seu papel em “Se a Rua Beale Falasse”. Ela interpreta Sharon, a sogra que luta pela libertação do genro, preso injustamente. Negra, ela se disse honrada em representar no palco o legado do escritor James Baldwin, expoente do pensamento racial nos Estados Unidos e autor do romance que originou o filme de Barry Jenkins.

Diante do progressivo declínio de audiência da cerimônia, o que levou a Academia a cogitar até apresentar algumas das categorias durante os intervalos, a edição começou com um show dos remanescentes do Queen. Adam Lambert assumiu os vocais que já foram de Freddie Mercury.

Os números musicais, aliás, foram o ponto alto da noite. Sob luz baixa, Bradley Cooper e Lady Gaga cantaram uma versão mais intimista de “Shallow”, canção de “Nasce uma Estrela”, filme que ambos protagonizam. A música ganhou o Oscar nessa categoria.

Enquanto a Venezuela se encontra num período conturbado, a Academia escolheu o maestro venezuelano Gustavo Dudamel para reger a orquestra durante a tradicional sessão in memoriam, que homenageia celebridades que morreram no último ano. O diretor brasileiro Nelson Pereira dos Santos, de “Vidas Secas”, foi um dos nomes lembrados.

Ao contrário de anos anteriores, não houve um apresentador oficial. A opção se provou equivocada. Embora a premiação de fato tenha sido mais ágil, sobretudo nos discursos mais breves dos vencedores, faltaram piadas ou tiradas sarcásticas com os participantes e que, em outros anos, viravam memes na internet.

Outro momento forte foi o discurso politizado de Spike Lee, que levou roteiro adaptado por “Infiltrado na Klan” e fez uma homenagem à herança negra nos Estados Unidos.

“Vice”, cinebiografia mordaz sobre o ex-vice-presidente americano Dick Cheney, levou o prêmio de melhor maquiagem e penteado. O longa tem o mérito de envelhecer, além de engordar o pescoço, o ator Christian Bale, que interpreta o protagonista.

O Oscar de efeitos espaciais acabou com “Primeiro Homem”, de Damien Chazelle, que rememora a primeira viagem à Lua.

Na categoria de melhor longa documental, o Oscar premiou “Free Solo”, história sobre Alex Honnold, alpinista que se arrisca escalando sem equipamentos de segurança.

A obra devassa a personalidade metódica do personagem e abusa de imagens vertiginosas gravadas no El Capitan, formação rochosa no parque de Yosemite, na Califórnia.

Outra produção ousada, “Homem-Aranha no Aranhaverso” saiu com a estatueta de melhor animação. O filme mistura diversos estilos de desenho para contar a história de heróis aracnídeos saídos de várias dimensões.

Sua vitória desbancou o primado da Pixar na categoria, que ficou com a estatueta de melhor curta animado, por “Bao”. Já “Skin”, história sobre a redenção de um skinhead, ficou com o prêmio de melhor curta-metragem.

Confira os vencedores:

Melhor Filme
“Green Book: O guia”

Ator
Rami Malek (“Bohemian Rhapsody”)

Atriz
Olivia Colman (“A Favorita”)

Diretor
Alfonso Cuarón (“Roma”)

Atriz coadjuvante
Regina King – “Se a rua Beale falasse”

Trilha sonora original
“Pantera Negra”

Ator coadjuvante
Mahershala Ali – “Green Book – O guia”

Roteiro adaptado
“Infiltrado na Klan”

Roteiro original
“Green Book – O guia”

Edição
“Bohemian Rhapsody”

Fotografia
“Roma”

Filme de língua estrangeira
“Roma”

Melhor animação
“Homem-Aranha no Aranhaverso”

Canção original
“Shallow”, “Nasce uma estrela”

Figurino
“Pantera Negra”

Curta-metragem
“Skin”

Edição de som
“Bohemian Rhapsody”

Mixagem de som
“Bohemian Rhapsody”

Curta de animação
“Bao”

Direção de arte
“Pantera Negra”

Efeitos visuais
“O primeiro homem”

Maquiagem e penteado
“Vice”

Documentário
“Free Solo”

Documentário curta-metragem
“Absorvendo o tabu”

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