Mais de 60% dos MEIs ficaram em débito no cartão de crédito

 Mais de 60% dos MEIs ficaram em débito no cartão de crédito

O rotativo do cartão de crédito levou à inadimplência 62% dos microempreendedores individuais (MEIs), segundo relatório feito em 2016 pelo Banco Central e divulgado neste mês de novembro, durante o II Fórum de Cidadania Financeira, realizado em Vitória do Espírito Santo.

Especialistas em crédito e consultores financeiros apontam o planejamento financeiro como a principal forma de fugir do endividamento, um mal que este ano afetou 1,8 milhão de pequenos negócios brasileiros, que juntos criaram uma dívida que atingiu R$ 53 bilhões em fevereiro deste ano, segundo dados da Receita Federal.

A explosão da inadimplência não se limita às pessoas jurídicas e preocupa os bancos. Mesmo oferecendo descontos de até 90% sobre as dívidas de cartão de crédito e cheque especial superiores a um ano, a Caixa Econômica Federal estima recuperar, na Bahia, em torno de 11% dos mais de R$ 100 milhões devidos até a próxima quinta-feira, dia 7, quando se encerra a campanha Quita Fácil.

A CEF calcula que dos quase 100 mil inadimplentes com o banco na Bahia, cerca de seis mil sejam MEIs. O atendimento pode ser feito na agências da Caixa, no posto provisório na Casa do Comércio ou por meio do telefone 0800 726 8068. “A dívida tem que ser de pelo menos um ano para que haja desconto”, salienta o gerente de negócios da CEF, Wagner Pires Ferreira.

Para quem fizer a renegociação, a Caixa promete emissão de boleto para pagamento na mesma hora e regularização da situação cadastral.

“Ao negociar uma dívida, o empresário inadimplente precisa calcular se vai ter dinheiro em caixa para não interromper os pagamentos e perder a credibilidade”, pondera a analista técnica do Sebrae Adriana Pereira.

Especialista em auditoria e controladoria, o contador Fábio Yamamoto recomenda que ao renegociar uma dívida, o empresário procure trocá-la por um novo financiamento que ofereça prazo e taxa de juros mais favoráveis, o que compromete menos o caixa da empresa. “Você reduz o peso e equaliza a dívida”, afirma Yamamoto, que é sócio da Tiex, empresa de consultoria e gestão corporativa financeira.

Busca por investidor

Outra alternativa sugerida pelo consultor a empresas que estão afogando em números é a busca de um sócio-investidor. “É possível buscar uma empresa que tenha sinergia com o seu negócio. O investidor coloca dinheiro em troca de participação nas decisões no negócio que está financiando”, salienta Yamamoto.

De qualquer forma, o inadimplente precisa levar em conta que a sua empresa, nesse caso, troca a influência temporária do credor por uma cogestão permanente.

E para que essa operação de salvamento dê certo, Yamamoto lembra que é fundamental haver sinergia entre as duas empresas. “Tem a questão cultural. Precisa haver o mesmo perfil cultural entre as duas empresas, o que facilita a integração”, declara.

Como exemplo de sinergia, ele cita uma empresa que tenha uma rede de distribuição que seja compatível com o negócio da empresa candidata à sociedade.

Yamamoto diz que a principal causa de endividamento de uma empresa é a falta de planejamento. “Muitas vezes o negócio é administrado com base no feeling do dono, do conhecimento que ele tem do ramo, e quando a operação cresce falta planejamento para acompanhar a expansão”, afirma o consultor.

“É o planejamento financeiro que vai permitir à empresa não se endividar”, afirma o sócio da Tiex. Ele ressalta que uma vez superada a dívida, a empresa deve voltar ao ponto inicial e adotar o planejamento de seus gastos.

Além do crédito rotativo dos cartões, outros tipos de financiamento que apresentam inadimplência considerável, de acordo com o levantamento feito pelo Banco Central, são capital de giro com vencimento em até 365 dias (13,9%), financiamento habitacional – carteira hipotecária (13,1%), investimento (13%) e financiamento de projeto (11%).

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