Pescado contaminado coloca ceia de Natal em risco

Faltando quatro dias para o Natal, o consumidor baiano já começa a pensar nas receitas e iguarias que vão compor a mesa. E, dentre as opções escolhidas por muita gente, estão pescados, como o bacalhau. Mas, diante da quantidade de casos de pessoas (18 até ontem) que tiveram sintomas como dores musculares e urina escura após comer peixes na região de Guarajuba, no Litoral Norte, o produto pode acabar se tornando uma espécie de vilão neste final de ano.

O fato decorre de, principalmente, ainda não existirem informações concretas sobre o que levou a esta infecção. Amostras do peixe e do sangue de algumas pessoas que sentiram os sintomas já foram recolhidas e estão em análise na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e no Laboratório Central de Análises Clínicas (Lacen), que fica em Brotas. A expectativa é a de que os primeiros resultados sejam divulgados nos próximos dias.

O problema é que, diante desse cenário de incerteza, os pescados podem acabar perdendo espaço, o que, segundo a Bahia Pesca – empresa que tem como finalidade fomentar a atividade no estado –, pode trazer prejuízos para o setor que atualmente é o 6º maior do país em produção de peixes, com cerca de 110 mil toneladas.
“A cadeia produtiva pode ficar comprometida, prejudicando pessoas que vivem dessa atividade, seja ela artesanal ou industrial. É prematuro realizar qualquer julgamento de que, de fato, os pescados possam estar contaminados”, afirmou Eduardo Rodrigues, diretor técnico do órgão.

Segundo ele, é necessário aguardar os resultados laboratoriais, tanto dos pacientes, quanto da análise dos pescados. “Infecções podem acontecer de diversas formas. A questão é que muita gente já entrou em contato conosco preocupado diante de tanta repercussão negativa, principalmente produtores de cidades como Paulo Afonso e Sobradinho”, relatou.

Uma das hipóteses levantadas para essa infecção é a de que algas marinhas consumidas pelos peixes possam ter toxinas e, assim, desencadeado os sintomas no organismo de pessoas que comeram os peixes (a outra suposição seria por conta de um vírus).

Rodrigues reitera que essa possibilidade pode existir – ao lado do manuseio do pescado ou até mesmo a de produtos lançados na água – mas que uma situação como essa, caso comprovada, seria percebida rapidamente. “Aí entraria a investigação das fontes dessa contaminação. Nesse caso, a coloração da água mudaria e o número de peixes morrendo seria cada vez maior”, pontuou.

Atenção na hora da compra

Diante disso, especialistas recomendam uma maior atenção na hora de comprar o produto para evitar problemas. De acordo com a infectologista, Áurea Angélica Paste, não seria necessário, neste momento, abolir de vez o peixe do cardápio. “Tentar comprar de uma fonte segura, como em supermercados. No caso do peixe fresco, verificar a procedência e observar se, por exemplo, o olho do peixe está ‘vivo’ e brilhante, afinal a doença parece ter uma relação com o produto in natura”, avaliou.

Para aqueles que vêm sentindo os sintomas, a dica dada pela especialista é a de muita hidratação, uso de analgésicos e procurar a ajuda médica de imediato. “Evite os anti-inflamatórios que podem sobrecarregar os rins e piorar o quadro”, alertou Paste.

Nas redes sociais, circulam dois áudios sobre o assunto. Em um deles, um homem afirma que se deve evitar o consumo de peixes e camarões provenientes de Guarajuba e Praia do Forte. Segundo ele, teria havido uma infecção em uma maricultura – sem dizer o local – que faz distribuição para a região de Salvador. No segundo, a amiga de uma médica informa que a profissional teria tido os sintomas após a ingestão do peixe e que teria levado amostras para o Lacen. Ainda segundo o áudio, a médica teria afirmado que os sintomas se deram por conta de uma toxina.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) para saber novas informações a respeito da doença, na tarde de ontem, além de que questionar sobre os áudios que estão circulando nas redes sociais. A assessoria de comunicação do órgão informou, apenas, que as investigações estão em andamento e que só vai se pronunciar posteriormente.

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