Trilha ancestral sobre Levante dos Malês reforça história de 206 anos em Lauro de Freitas

 Trilha ancestral sobre Levante dos Malês reforça história de 206 anos em Lauro de Freitas

Em 28 de fevereiro de 1814, negras e negros escravizados gritaram por liberdade às margens do Rio Joanes, na freguesia Santo Amaro de Ipitanga. Para revisitar a história do Levante dos Malês que completou 206 anos nesta terça-feira (28), a Superintendência de Políticas de Promoção da Igualdade Racial e Ações Afirmativas (SUPIR) de Lauro de Freitas promoveu a “I Trilha Ancestral do Joanes”.

Embaixo de árvores e às margens do Rio Joanes, a trilha experimental de ancestralidade foi realizada no Centro de Referência da Cultura Afro-Brasileira – Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão. Ao público foi proporcionado um passeio de saberes por meio de apresentações de teatro, capoeira, samba e rodas de conversas que refletiram o massacre dos mais de 50 escravos insurgentes.

O Levante de 1814 – Combate às Margens do Rio Joanes – antecede a Revolta dos Malês em 1835 e a um ciclo de mobilizações que culminaram na abolição da escravatura. Paulo Aquino, superintendente da SUPIR, reforça que uma das propostas da trilha é fortalecer o legado histórico que o levante representa para o povo negro de Lauro de Freitas, antiga freguesia Santo Amaro de Ipitanga.

“A trilha marca os 206 anos do levante e visa à promoção da data 28 de fevereiro no município. É uma forma de preservar a história e abrir campo para a pesquisa e disseminação do conhecimento. Por isso, nosso intuito é promover mais trilhas ao longo do ano e com a participação de escolas”, concluiu Paulo Aquino. Participaram da trilha os grupos culturais Som do Levante, Samba de Roda Oxóssi Guerreiro, Capoeira Expressão Corporal e Companhia de Teatro Tradições.

O passeio de saberes intercalou falas junto com esquetes teatrais, que abordaram a história de indígenas como primeiros povos do Brasil até a chegada de colonizadores e a venda de escravizados trazidos da África, e performances. Ednei William, 16, tratou a experiência ancestral como um momento libertador. “Quando há um negro ocupando qualquer espaço que antes lhe era negado, isso é uma revolução. Este espaço aqui, onde pessoas estão discutindo ancestralidade e contemporaneidade, é uma revolução”, ressaltou.

Mulheres Malês no Joanes

O combate sangrento ocorrido no dia 28 de fevereiro de 1814 contou com a participação de mulheres que também gritaram por liberdade própria, de seus filhos e companheiros. Tereza, Germana, Ludovina e Francisca. Nomes de Malês que fizeram parte do processo do levante e que está na memória ancestral de Cláudia Santos (Mãe Cacau), coordenadora executiva da SUPIR.

“As mulheres negras sempre tiveram ativa participação nas lutas pela liberdade da escravidão. Além de assumirem o papel de zelar e alimentar a família, elas estiveram presentes nas batalhas e utilizaram de mecanismos para auxiliar seus companheiros. Os cabelos traçando, por exemplo, não era apenas para marcar a beleza ou identidade da mulher negra, era uma forma de desenhar mapas de fugas ou de esconder sementes que serviriam posteriormente para o plantio e colheita”, contou Mãe Cacau.

Jornalista Laerte Santana

Foto Lucas Lins

ASCOM Prefeitura de Lauro de Freitas

28/02/2020

71 3288 8371

www.laurodefreitas.ba.gov.br

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