Ah, é Isaquias! Ao lado de Erlon, baiano leva prata e vira maior brasileiro em uma Olimpíada
Após duas medalhas individuais, de prata e bronze, Isaquias Queiroz voltou às águas da Lagoa Rodrigo de Freitas na manhã deste sábado ao lado do parceiro Erlon de Souza e ganhou a terceira: a prata no C2 1.000m da canoagem velocidade.
A medalha de ouro foi para a dupla da Alemanha, Sebastian Brendel (que já havia batido Isaquias no C1 1.000m) e Jan Vandrey, e o bronze para os ucranianos Dmytro Ianchuk e Taras Mishchuk.
Uma, duas, três medalhas olímpicas em uma mesma edição! Isaquias, agora, tem o que nenhum brasileiro conseguiu na história dos Jogos.
O baiano de Ubaitaba e apenas 22 anos já havia igualado, na última quinta, os atiradores Afrânio da Costa e Guilherme Paraense (1920), além dos nadadores Gustavo Borges (1996) e Cesar Cielo (2008), entrando para o grupo de atletas do país com pódios duplos em uma única edição olímpica, após ser prata na C1 1.000m e bronze na C1 200m.
Agora, com três conquistas, ele é único.
“Me sinto muito feliz e realizado por ter quebrado esse recorde, mas como eu falei, é toda a minha equipe, não teria conseguido sozinho”, afirmou Isaquias.
E o filho da humilde dona Dilma e que tem cinco irmãos não poderia celebrar de melhor forma: ao lado do parceiro.
Erlon de Souza, também baiano, mas de Ubatã, foi aos poucos virando a pedra no sapato de Isaquias nas competições locais, regionais e nacionais. Até que passaram a competir juntos.
Deu muito certo. Em 2015, em Milão, na Itália, ganharam simplesmente o Mundial de canoagem de velocidade na categoria C2 1.000m, a mesma da medalha deste sábado.
“O apoio de torcida foi essencial, pois qualquer empurrão a mais nos leva para cima, e a torcida brasileira é assim”, disse Erlon.
Dois frutos de um trabalho que começou há mas de 30 anos com Jeferson Lacerda, primeiro brasileiro a competir na canoagem em Olimpíadas, em Barcelona 1992.
Ele e outros amantes da canoagem que, mesmo sem a devida ajuda dos governos estadual e federal e da Confederação Brasileira de Canoagem, tocam à força o trabalho de base em Ubaitaba e cidades próximas.
Outro nome a ser destacado nesta história é o do espanhol Jesus Morlán. O técnico linha dura foi contratado em 2013 para dirigir a seleção brasileira, após ganhar cinco medalhas olímpicas com o compatriota David Cal.
Impôs seu estilo de trabalho pesado, com uma semana de folga a cada oito seguidas de trabalho, em uma cidade escolhida a dedo em Minas Gerais. Faz questão de dizer que não é amigo dos atletas.
Com oito medalhas olímpicas, é um lapidador de campeões que entrega resultados.
Isaquias e Erlon, jovens de 22 e 25 anos: o Brasil ainda pode ganhar muito na canoagem com eles.
Por Diego Garcia e Jean Pereira Santos