Ex-dirigentes do PROS confirmam que partido vendeu tempo na TV para campanha de reeleição de Dilma

 Ex-dirigentes do PROS confirmam que partido vendeu tempo na TV para campanha de reeleição de Dilma

Legenda se vendeu à campanha de Dilma

O ex-presidente de honra e o ex-tesoureiro do PROS, o Partido Republicano da Ordem Social, denunciaram que em 2014 o partido vendeu seu tempo na TV para a campanha de reeleição de Dilma Rousseff e Michel Temer e também para as campanhas de diversos candidatos nos estados. Um negócio milionário, que já havia aparecido nas delações da Odebrecht.

Dinheiro para turbinar a exposição política aos eleitores. Foi o que o ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar relatou sobre a compra de tempo de TV na campanha de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014.

Alexandrino Alencar: Nesse caso, para o PROS, sim. A última entrega de 500 mil reais eu entreguei na minha sala ao então deputado federal Salvador Zimbaldi, que era um deputado do PROS. Aliás, pelo que eu soube ele não foi reeleito. Foi entregue que eu fiz, 500 mil em espécie.
Pergunta: Foi acertado com o senhor Eurípedes?
Alexandrino Alencar: Eurípedes… Mas devia estar faltando aí, não sei exatamente, 500 mil reais, aí, falou 500 mil reais vai o deputado vai na sua sala buscar isso aí.

O Eurípedes citado pelo delator é Eurípedes Junior, o presidente do PROS. Segundo Alexandrino, a chapa Dilma/Temer comprou o apoio do partido e conseguiu, assim, mais tempo de TV. Em troca, o PROS recebeu R$ 7 milhões.

A revista Veja entrevistou fundadores do partido sobre o caso.

Ex-dirigentes do PROS confirmaram a delação da Odebrecht e admitiram que a legenda se vendeu à campanha de Dilma.

À TV Globo, o ex-tesoureiro do PROS Niomar Calazans confirmou as informações da revista e relatou o que diz ter ouvido do presidente do partido

“Pode ficar tranquilo, esses dias vai entrar uma grana boa, eu estou fechando um negócio bom com a presidente. Era o tempo de televisão, a compra do tempo de televisão para as eleições de 2014”, disse Niomar Calazans

O ex-presidente de honra do partido Henrique Pinto afirmou ter ouvido do presidente do PROS que poderia ter cobrado mais.

“Mas Júnior, é muito dinheiro isso aí, é muito dinheiro, nós nunca vimos esse tanto de dinheiro junto. Ele disse: ‘Henrique esse nosso tempo de televisão presidencial vale 50 milhões, eu estou sendo bonzinho ainda.’

Henrique Pinto também contou que o PROS vendeu, em 2014, seu apoio para dar mais tempo de TV a outras campanhas:

“Na campanha do Paulo Skaf, em SP, na campanha do Anthony Garotinho, no Rio, na campanha do Marconi Perillo, em Goiás, e na campanha do Zé Melo, no Amazonas, apesar do Zé Melo ser do PROS, mas ele exigiu que o Zé Melo desse dois milhões. Na campanha do Delcicio também, em  Mato Grosso, dois milhões”, disse.Ele mostrou depósitos feitos em 29 de setembro de 2014, a poucos dias da eleição. Depósitos, segundo ele, de parte deste dinheiro que bancou a compra de apoio do PROS.

“Eu assumo cível e criminalmente o que estou dizendo aqui, em qualquer instância, em qualquer esfera, seja na policial, seja na instância do Judiciário. Eu assumo cível e criminalmente o que estou declarando”, afirmou Henrique Pinto.
 
Perguntados por que só agora denunciaram, os dois ex-dirigentes disseram que já vinham procurando as autoridades, como a Justiça e o Ministério Público, mas não comprovaram as conversas com a Justiça.

A executiva nacional do PROS diz que os dois foram expulsos do partido por irregularidades e negou qualquer qualquer pedido do presidente da legenda para que eles recolhessem valores de doações ilegais.

Além do esquema do tempo de TV, eles acusam o presidente do PROS de ter desviado dinheiro do fundo partidário para enriquecimento ilícito e também em compras de luxo.

“O PROS recebe em torno de R$ 1,2 milhão, R$ 1,4 milhão por mês de fundo partidário e esse dinheiro é usado para alimentar as vaidades do presidente, como viagens à Europa, à China, aos Estados Unidos, às Bahamas O meio de transporte dele hoje é um helicóptero. Quer dizer, era um dinheiro que tinha que estar sendo usado para favorecer as atividades partidárias, está sendo usado em benefício próprio do presidente. Acredito que desde que nasceu é um partido de aluguel, desde que foi criado”, disse Henrique Pinto.

O PROS, criado em 2013, também tem um helicóptero e um bimotor. Em Brasília, a sede do partido é uma casa no Lago Sul, um dos endereços mais caros da capital. Apesar da estrutura, é um partido de pouca expressão nacional: tem um governador e cinco deputados federais.

Respostas

O PROS negou as acusações e disse que o presidente do partido, Eurípedes Júnior, nunca pediu a Salvador Zimbaldi para recolher doações eleitorais. O PROS disse ainda que identificou comportamento irregular dos delatores enquanto eles eram do partido e os expulsou.

Eurípedes júnior negou com veemência as acusações.

José Melo, atual governador do Amazonas pelo PROS, repudiou as acusações. Ele disse que são uma tentativa covarde de associar o seu nome a esquemas ilícitos.

O coordenador financeiro da chapa Dilma-Temer, Edinho Silva, afirmou que a atuação dele se deu dentro das normas legais e que as doações foram declaradas à Justiça Eleitoral.

Paulo Skaf, do PMDB, e Anthony Garotinho, do PR, disseram que desconhecem o assunto.

O governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, afirmou que a coligação com o PROS se deu de acordo com as regras estabelecidas pela legislação eleitoral.

A assessoria do ex-senador Delcídio do Amaral negou irregularidades.

Nós não conseguimos falar com Salvador Zimbaldi.

Fonte: Globo

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