Mensagem da dona do Snapchat ao investidor: somos o próximo Facebook, não o Twitter

Quando a Snap Inc. começar a realizar as apresentações para divulgar sua oferta pública inicial de ações, ela estará promovendo muito mais que o popular serviço de mensagens virtuais Snapchat.

Espera-se que Evan Spiegel, o fundador de 26 anos da empresa, tenha um papel proeminente em conversas com investidores durante o processo de divulgação, o chamado “roadshow”, de acordo com pessoas a par do assunto. Os profissionais de bancos e executivos que preparam a abertura de capital estão planejando retratar Spiegel como um visionário que sabe como criar produtos para os consumidores da cobiçada geração do milênio, da qual ele faz parte, dizem as fontes.

A imagem visa convencer os investidores de que a jovem empresa pode evoluir de uma plataforma de mensagens para uma firma de conteúdo e mídia poderosa capaz de superar o valor de mercado entre US$ 20 bilhões e US$ 25 bilhões da avaliação na abertura de capital. A ideia é colocar a companhia na mesma classe da Apple Inc. e do Facebook Inc., cujas ações estão subindo acentuadamente nos últimos anos, e diferenciá-la do Twitter, que tem tido um fraco desempenho desde sua abertura de capital, em 2013.

A Snap também deve se concentrar em seu “poder de permanência”, ou o tempo gasto pelo usuário no aplicativo antes do desaparecimento da mensagem, e na sua participação no grupo demográfico altamente cortejado da faixa de 18 a 34 anos, de acordo com pessoas a par da campanha de divulgação. Isso reforça a mensagem repassada pela empresa a potenciais investidores em reuniões que começaram no mês passado.

Mas isso não será necessariamente algo fácil, dizem profissionais de bancos e investidores. Na faixa de preço esperada, a Snap seria valorizada em um múltiplo muito maior que o do valor de mercado em relação à receita com publicidade do que o de outras empresas de redes sociais, incluindo o Facebook e o Twitter.

Com base em estimativas de que a Snap irá gerar cerca de US$ 940 milhões em receita com publicidade em 2017, uma avaliação de US$ 25 bilhões daria a ela um múltiplo de 26,7 vezes o total obtido com as vendas de anúncios, de acordo com Dan Morgan, gerente sênior de portfólio da gestora de recursos Synovus Trust Co., que gerencia cerca de US$ 12 bilhões. Ele calculou a métrica usando dados da firma de pesquisa eMarketer. O valor de mercado do Facebook e do Twitter equivale a 19,4 vezes e 13 vezes a receita com publicidade, respectivamente, calculou Morgan, usando estimativas de pesquisa.

“Não é barato”, diz ele. “Eu provavelmente serei cauteloso com a oferta de ações. Nós investimos no Facebook e no Google, então, a questão é: ‘Há um lugar na mesa para a Snap ou será que ela vai seguir o caminho do Twitter?’ Porque não queremos isso.”

O Twitter está sendo negociado em torno de 36% abaixo do preço de sua estreia na bolsa após um processo de venda malsucedido no início deste ano.

Os executivos da Snap planejam ser conservadores na precificação da operação, com receio de ter de encarar as dúvidas sobre a avaliação que afligiram o Facebook em seus primeiros dias como uma empresa de capital aberto, de acordo com pessoas a par dos planos da Snap. A cotação das ações do Facebook caiu rapidamente abaixo do preço da oferta inicial e só conseguiu superá-lo mais de um ano depois.

A Snap deve vender uma fatia relativamente padrão da empresa, algo entre 10% e 20%, dizem as fontes.

A recente escassez de aberturas de capital no setor de tecnologia provavelmente beneficiará a Snap. Se prosseguir como planejado, a estreia da Snap na bolsa ocorreria após o ano mais fraco em aberturas de capital de firmas de tecnologia nos EUA desde 2009. Vinte e seis companhias do setor que negociam ações nos EUA arrecadaram US $ 4,3 bilhões em aberturas de capital em 2016, ante os US$ 9,9 bilhões captados por 31 empresas de tecnologia em 2015, segundo a provedora de dados Dealogic.

A Snap também está optando por uma abertura de capital menos tradicional.

Depois de lançar o Spectacles, o óculos de sol equipado com câmera da Snap, a empresa abriu lojas de varejo “pop-up” ao redor dos EUA. Elas atraíram longas filas e algumas ficavam bem próximas às lojas da Apple.

Esta proximidade não foi uma coincidência. No roadshow, os executivos e profissionais de bancos que representam a Snap devem comparar Spiegel a Steve Jobs, um dos fundadores da Apple, que teve um papel fundamental na criação do culto à empresa, segundo pessoas familiarizadas com o processo.

Um indicador que deve ser ressaltado durante a campanha é a taxa diária de usuários ativos da empresa, dizem pessoas a par do assunto. Mais de 150 milhões de usuários acessam o Snapchat pelo menos uma vez por dia, informou a companhia em apresentações recentes, acima de algumas estimativas recentes dos usuários ativos diários do Twitter. Também devem destacar os cerca de 25 a 30 minutos por dia que os usuários gastam no aplicativo, disseram executivos da empresa nessas apresentações.

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